sábado, 16 de outubro de 2010

Minha alegria é triste - O fim

É com grande pesar que comunico o falecimento deste blog. Sei que pode parecer precipitado, visto que não dei nenhum tipo de indício, mas é uma decisão que já venho pensando há algum tempo.

Às vezes chega o momento em que aquilo que nos faz bem já não surte o mesmo efeito de outrora. Como se tivesse gasto. Como se o caderno estivesse completo e agora você estivesse escrevendo pelas margens, pelos cantos, só pra insistir naquele que você se apegou e que ama do fundo do teu coração. O que sinto, porém, é que chegou a hora de colocar o caderno velho no fundo da gaveta. Como se tivesse chegado a hora de guardar e de respeitar este espaço - e assim começar um novo, de uma história muito mais bonita e intensa, quem sabe.

Já passaram mais de três anos desde que criei o acíclico simplesmente pra dar um grito. E, veja bem, foi bem mais que isso. Foi aqui que desabafei nos dias mais tristes, nos mais difíceis e nos mais dolorosos também. Foi aqui que compartilhei um pouco dos meus sentimentos mais íntimos, do meu amor, do meu carinho, da minha paixão. Foi aqui que racionalizei algumas situações, e que compreendi um pouco daquilo que vem aqui de dentro. Foi aqui que me descobri amando, foi aqui que me descobri expondo meus pontos mais fracos, meus sonhos mais altos e minhas forças mais estranhas. Foi aqui que algumas vezes chorei de dor, e que choro novamente por mais um final.

O fim não é fácil, mas se faz necessário. Pra que fique redondo, pra que feche a ferida, pra que não fique uma ponta roçando, maltratando e machucando quando você menos espera. Vou seguir por aí... Talvez escrevendo em um outro lugar, talvez postando com outro nome... Talvez escrevendo nas paredes do quarto, nas folhas dos blocos, nos cantos dos jornais. Sei lá. É difícil colocar um ponto final naquilo que nos faz tanto bem. Dói demais.

Nesse momento só posso agradecer por todos aqueles que passaram por aqui e que comentaram nos momentos mais inesperados desses últimos anos. Márcia Regina, Gustavo, Darlan, Ludimila: obrigado. Vocês me fizeram sentir um pouco menos sozinho nesse mundo confuso e de dor. Mesmo na distância do mundo virtual, vocês me fizeram bem (e, saibam, leio vocês).

Ing, obrigado pelo carinho e pelas palavras de sempre. Nem se eu escrevesse dez dias seguidos eu conseguiria agradecer tudo e o todo. Rafa, obrigado por ser o que és, pelas zonas assustadoramente inesperadas, pelos sentidos dos verbos e por tudo isso que existe e nos move para Deus lá sabe onde. Obrigado a todos aqueles que leram e não se dignaram a postar também. Sei como é. Uma pena só não saber quem (e como) são os senhores - este post é a última chance.

Aqui chego ao fim. E, se fosse pra dizer uma última coisa, reproduziria Piaf e diria: AME. E demonstre isso. Você nunca vai se arrepender de externar aquilo que de mais bonito uma pessoa pode sentir. E, se fosse pra dizer mais uma, diria: ESCREVA. Compartilhe, pense, experimente traduzir em palavras. Faz bem. Nos abre a cabeça. Clareia.

Agora acho que já me alonguei demais. Fico por aqui, sentindo as minhas dores e acreditando nos meus sonhos. Sigo com fé. Um beijo,

Vítor

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Forças estranhas

Às vezes me pego acreditando em coisas que muitos tomam como irrealizáveis. E é exatamente após esses momentos que me pego pensando: Será que estou errado indo contra a maré? Será que meus movimentos estão sendo em vão? Será que essa fé que vem de-deus-sabe-onde, me engana? Será que isso que me diz que, se a gente quiser e se esforçar, a gente pode alcançar, me trai?

Ando cansado. É impossível não surgir uma certa insegurança/tristeza quando as coisas não se encaminham da forma que a gente imagina. É confuso também quando a razão diz uma coisa e os sentimentos dizem outra. Desestimula. Mas o que fazer? Seguir aquilo que você sente, que vem de dentro de ti, do teu impulso, ou racionalizar e fazer aquilo que seria - teoricamente - menos doloroso?

Ai meu deus: Será que eu pus os meus pés no riacho e nunca os tirei? Será que sonho alto demais? O que será que me leva a sonhar assim nos momentos mais inesperados do meu dia? Escovando os dentes, tomando o café, no bom dia do elevador, subindo as escadas, dirigindo? O que que é isso, heim?

No fim continuo achando que sonhos são aquelas coisas que nos movem na direção da nossa felicidade. Claro, pode ser também que eu nunca chegue nem perto daquilo que imagino, mas - pode ter certeza - não vai ser por falta de tentativa. Porque quando for pra correr atrás daquilo que amo/sonho/quero, vou com todo meu sentimento e todas as minhas forças (inclusive as mais estranhas). Mesmo que depois seja imprescindível chorar.

sábado, 9 de outubro de 2010

é docinho...



viciei.

créditos pro Rafa, que sabe o que eu gosto.

(L)

sábado, 2 de outubro de 2010

Contato Imediato

Tem dias que a melancolia chega assim... como quem não quer nada, na primeira hora da manhã de um sábado que deveria ser de descanso e reenergização. Não deveria ser, mas é assim... O tempo cinzento contribui pra que essa coisa venha de dentro marejar meus olhos e deixar meu corpo preguiçoso, desestimulado pra circular por aí, desencantado com a vida.

O silêncio da rua, os músculos cansados, os sentimentos perdidos no ar do quarto. O travesseiro como testemunha, a tristeza de uma semana que não deu tempo pra nada - tudo contribui. O telefone que não toca, os sonhos que não se realizam, a caminhada que parece não chegar a lugar algum, o sol que não aparece, a esperança que não se concretiza, os dias difíceis que vem por aí... É triste, não é? Ou só eu que acho?

Não vai durar pra sempre, é certo. Há muitas coisas para se fazer hoje mesmo, agora mesmo até. É só escolher ir, seguir, se distrair. Camuflando o que de doloroso há em mim, em cada canto que nesse momento só quer ficar quieto, quente, amado, calado. É difícil contrariar aquilo que a gente sente, não é? Dói.

sábado, 25 de setembro de 2010

me faltam as palavras

e me sobram os sentimentos.

mais de uma vez tentei explicar aquilo que sinto e aquele que amo, mas não consigo... trava aqui dentro.

domingo, 19 de setembro de 2010

sempre ela

me explicando:

"Às vezes tenho a impressão de que escrevo por simples curiosidade intensa. É que, ao escrever, eu me dou as mais inesperadas surpresas. É na hora de escrever que muitas vezes fico consciente de coisas, das quais, sendo inconsciente, eu antes não sabia que sabia". Clarice Lispector.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Lixo do dia

Olha, tô pra achar coisa que dê mais rolo do que essa de grupo de discussão de faculdade. Agora mesmo, há pouco, teve uma. O menino mandou pro grupo todo um e-mail com link sobre as 43 vantagens de votar em determinada candidata ao governo federal. Prontamente a menina respondeu: desculpa a franqueza, mas só louco e burro vota nessa mulher. E aí fiquei pensando: será que é isso mesmo?

Tá certo que o guri pediu pra se incomodar ao enviar um e-mail com um destes assuntos polêmicos - política, futebol, religião - para um grupo tão grande de pessoas, mas o que será que leva uma criatura prestes-a-completar-o-ensino-superior a perder seu tempo e responder que só vota em fulana quem é louco ou burro?

E é aí que me pego pensando nesse pessoal que não respeita a opinião dos outros e que, exatamente por isso, sai acusando de louco, burro, hipócrita. Como se o fato de uma pessoa ter uma opinião diferente da sua fosse suficiente para desqualificá-la e colocá-la em um outro nível - naquele dos que não entendem o que você vê (como se o mundo todo tivesse que ver a mesma coisa da mesmíssima maneira).

E aí? Onde foi parar o respeito? Me sinto feito louco tentando catar esses princípios básicos de convivência em sociedade. Discordâncias acontecem? Sim, sempre, em todo lugar. Então que tal um argumento razoável ao invés de um adjetivo barato? Acho que pode fazer bem a todo mundo.

E no final das contas - não sem antes levar uma meia dúzia de pedradas - o menino pediu desculpas e disse que mandou o e-mail para o grupo por engano. Veja só.

Em tempo, segundo o Aurélio: Hipocrisia [Subs. Fem.] 1. Afetação de uma virtude, dum sentimento louvável que não se tem. 2. Impostura, simulação, falsidade. 3. Falsa devoção.

Vivendo e aprendendo.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Vendavais

Às vezes acho que a vida é boa demais comigo. E aí já não sei se é algum tipo de recompensa que está dando as caras, ou se é um sinal de que vem temporais por aí...

domingo, 5 de setembro de 2010

simples assim

me escreva uma carta sem remetente, só o necessário e se está contente...



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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

nhem-nhem-nhem

nhem nhem ô xororô
é o mar, é o mar
fé-fé xorodô

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Relato de um atropelamento

(...)

E por aí? Como vão as coisas? Por aqui o que posso dizer é que tenho achado todos muito muito acelerados, querendo muito mais em um tempo cada vez menor. A sensação que dá é que todo mundo quer mil soluções, mil línguas, mil empregos, mil cursos, mil amores, mil paixões, mil transas, mil ódios, mil perguntas, mil doses e também mil respostas ao-mesmo-tempo-para-ontem. Como se a velocidade com que a pessoa alcança determinada coisa fosse determinante para dizer se ela é melhor do que alguém... A sensação que dá é que a grande massa está correndo como uma manada absolutamente desesperada indo para sabe-se-lá-onde atrás de sabe-se-lá-o-quê. E talvez seja bem isso mesmo o grande mistério da vida, vai saber.

A todos lugares que vou tenho uma grande vontade de subir em um banquinho e dizer: CALMA, gente. Até você, nesse exato momento, deve estar lendo esses meus vagos pensamentos com extrema rapidez já pensando no que pode, deve e vai fazer daqui a pouco, não é? Isso é contagioso. E foi assim que o estudar-comer-dormir-trabalhar-namorar-passear-viajar-festejar viraram ações conjuntas e simultâneas, onde cada um que entra nesse ritmo acaba não conseguindo mais discernir o que é o quê.

Enfim, o que posso dizer é que tenho a sensação de estar no absoluto contrafluxo, a margem da loucura mesmo. Porque não é possível que toda essa gente que anda feito louca por aí não se dê conta de que uma bela respirada bem funda (daquelas que enchem todas as esquinas do pulmão) talvez seja o suficiente para que se possa PENSAR e assim refletir melhor a respeito daquilo que se quer. E nesse momento você deve achar que estou bem fora da casinha mesmo (e olha que nem utilizei nenhuma dessas coisas ilícitas).

Por fim acabo me sentindo um completo louco por ainda acreditar que posso viver em uma cidade litorânea sem violência e sem engarrafamentos, com meus filhos por perto e um marzão na minha frente pra encher meus olhos enquanto divido o pão-diário com o meu amor. Ai de mim.

domingo, 29 de agosto de 2010

daqui de dentro

Não é sempre que acontece isso. Mas tenho que confessar que de vez em quando me pego assim... doce. Me pego fácil, com o pensamento longe, com o coração cheio de esperança, com a cabeça leve e com um sentimento bom, como se coisas boas estivessem vindo por aí.

Sei que devo parecer bobinho, mas é isso. E não acontece sempre. É como se essa certeza que tenho a respeito daquilo que quero pra mim me desse a segurança necessária para acreditar que coisas boas irão acontecer no seu determinado tempo.

Sei também que as coisas mudam, se transformam. Qua aquilo que a gente sonhou um dia pode acabar não acontecendo, ou então acontecendo de uma outra forma... Mas tudo bem. Hoje algo me diz que tenho chance de chegar lá onde sonho, ou pelo menos perto daquilo que acredito que vá me deixar e me fazer um pouco mais completo. Hoje me sinto com planos, me sinto amando, me sinto feliz.

sábado, 28 de agosto de 2010

O amor é de quem tem

Assim como a dor, a tristeza, a saudade. O amor é de quem sente. O amor é de quem tem. Não é de mais ninguém.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

como um silêncio ao contrário

Aí que andam falando que tenho andado quieto - mais do que normalmente já sou. O que não é uma grande mentira, visto que de fato não tenho tido muita vontade de contar histórias, causos ou besteiras, mas que também não é uma verdade completa, visto que nesse tempo minha quietude nunca foi desinteressada, depressiva ou blasé. Os que me conhecem sabem que minha quietude presta atenção, ouve, ri, percebe, responde, procura entender. Minha quietude é curiosa, interessada, atenta. Minha quietude até fala de vez em quando (!)

Tem gente que não gosta, que fica aflita quando emito poucas palavras; tem gente que se solta mais, se abre; tem gente que não entende que preciso de tempo pra criar intimidade; tem gente que acha que estou com algum problema; tem gente que relaxa; tem gente que acha que é tristeza; tem gente que acha que é só mistério; tem gente que acha que não me entroso; tem gente que não acha nada.

O que acontece é que tenho sentido uma certa necessidade de ficar calado. Como se qualquer palavra fosse pouco pra descrever aquilo tudo que passa por aqui; como se cada verso que deixo de dizer e passo a ouvir fosse essencial para aprender mais sobre a vida e suficiente para entender um pouco mais sobre os outros e sobre mim mesmo.

E é aí que te pergunto: o que fazer se essa vida me deixa assim?

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

é preciso ser forte

Impressionante como dói essa história de ser feliz.

Você passa anos da tua vida investindo em uma relação, estudando pra algo ou alimentando um sonho - construindo um daqueles pilares que você vê como necessários para tua felicidade - e aí, na hora que ele está quase pronto, que é só partir pro abraço, o que acontece? Você fraqueja.

É invariável. Acontece comigo, contigo e com todos aqueles que passaram e investiram muito tempo e esforço em alguma determinada coisa. Não sei exatamente porque isso acontece, mas acredito que seja por causa do vazio que fica. O vazio da construção.

Enquanto a gente constrói, o nosso sonho está ali na nossa frente diariamente, nossos esforços estão voltados a ele e a conclusão dele parece sempre algo distante e unicamente sonhado. E aí, o chegar a isto passa a ser assustador visto que é a realização do sonho, é o fim da busca, o fim desta linha.

Nos relacionamentos é a mesma coisa. Encontrar aquele que se ama é lindo, mágico, maravilhoso, mas também é extremamente difícil - e aqui sou capaz de dizer que, se não é difícil, não é amor. Tudo porque estar e manter um relacionamento com alguém que se ama é algo que exige, quem sabe, ainda mais esforços do que a construção desse pilarzinho.

E por aí eu acho que vai a vida. Na construção dos pilares, na manutenção deles e na certeza de que cada vez vai ficando mais pesado...

domingo, 8 de agosto de 2010

Diga

Você já disse o fundamental hoje?

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Vamos nessa?

"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável, o sofrimento é opcional".

(Drummond)

E volto a perguntar: você tem medo de sofrer?

terça-feira, 3 de agosto de 2010

domingo, 1 de agosto de 2010

Volta ao Mundo

Olha, que a música brasileira é a mais bonita do mundo, acho que todo mundo concorda. Então o que posso dizer de novidade é que fico impressionado com o que esses gringos fazem com as nossas canções!

Minha primeira descoberta foi uma menina que faz inúmeros covers com quase todas as mais belas músicas do nosso repertório (e, sim, mesmo com o sotaque, fica lindo). São muitos os vídeos e muito legais. Tem um ótimo em que ela mostra o banjo que ela comprou pela internet e também um em que ela aparece com uma galera em frente a webcam cantando sonho meu (acho o máximo a descrição: we love Bethania and Gau).

Já a minha descoberta de hoje foi a de um japonês. Achei incrível! O jeitinho, a forma, o sotaque e até mesmo a bagunça do quartinho em que ele canta 'Chora tua Tristeza' me fizeram viajar milhas e milhas. E assim eu já assisti esse vídeo umas 10 mil vezes hoje.



Chora que a tristeza
foge do teu olhar
brincando de esquecer
saudade vai passar
e amor já vai chegar...

Então,
canta que a beleza
volta pra te encantar
num sonho tão pequeno
que o dia escondeu
guardando pra te dar...

Como é bonito gostar e querer ficar
com alguém pra quem possa dizer
olha quantas estrelas
nascem pra te encontrar
depois do céu azul
a noite vai chegar
e eu pra te amar...

sábado, 31 de julho de 2010

Posso estar errado

Talvez seja uma bobagem isso que eu esteja pensando mas, de fato, acho que passamos a administrar melhor nossos sentimentos a partir do momento que passamos a entender de onde eles surgiram.

Pensar naquilo que nos incomodou, ou então que nos agradou, pode ser um primeiro passo para a aceitação de que fatos, palavras e atitudes exercem sim um poder muito grande sobre nós. Dessa forma, aceitar que aquilo que um dia aconteceu é causador da forma como tu lidas com as coisas (e também um agente determinante da forma como tu te comportas), pode ser uma etapa importante para uma sobrevivência e convivência melhor com tudo e com todos (pra mim é, ao menos).

É nessa hora que vão me dizer que estou viajando e que nem tudo tem explicação. Mas será?

Talvez seja meu comportamento, meu jeito determinístico, ou minha mania de achar que nada acontece por acaso, e que estamos sim sendo frequentemente moldados por aqueles que nos cercam, mas chego a pensar que até meu amor por alguém tem explicação (por mais que pareça não ter). Os sentimentos, os traumas, as aflições não são características que nascem conosco, e sim aspectos que foram (e vão sendo) desenvolvidos com o tempo. Assim, o meu amor, ou a minha amizade, ou a minha indiferença, por alguém não é algo que surge e acontece por acaso - se eles aconteceram e acontecem é porque me deram motivos para isso.

Mas talvez eu esteja errado também, viajando em algo tão incompreensível como os sentimentos, vai saber.

Enfim, o que posso dizer é que falar sobre aquilo que me incomoda ou que me incomodou (nos outros e também em mim mesmo) tem servido bastante. Tem aparecido como aquele alívio pós-vômito, como o regozijo ao expelir o que ficou anos preso e corroendo como algo estranho e incompreensível. Agora acho que falta pouco pra colocar pra fora absolutamente tudo e reconhecer que, por mais que tenha puxado meu freio muitas vezes, talvez tenha servido pra me preparar melhor pro que vem por aí.

sábado, 24 de julho de 2010

Que atire a primeira pedra

quem nunca ficou lamentando. Ou se perguntando...

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Sou louco?

.

Adorei meus presentes, mas e se eu disesse que trocaria todos eles por consecutivos abraços?

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Balanço semestral ou Diário do movimento do mundo



Bom, eis que foi-se mais um dos meus semestres-ano. Foi-se mais um desses períodos que ocorrem entre o natal e meu aniversário (que meu RG diz que é amanhã) e o que dá pra dizer, sem pensar duas vezes, é: passou rááápido!

E digo mais: ainda bem. Este semestre, que pra mim tá acabando agora, foi, como talvez eu já esperasse (visto que dois mil e nove foi o melhor dos últimos anos), bem difícil.

Não por mim comigo mesmo, que talvez nunca tenha me encontrado tão certo daquilo que gosto, sonho, espero e quero, mas por tudo aquilo que aconteceu em minha volta. Muitas coisas desgastantes e alguns vários momentos tristes. Mas, de alguma forma, talvez tenham sido necessários, vai saber (?). Como dizem por aí, isso é coisa que o tempo vai dizer.

Com relação às expectativas para o próximo semestre, posso dizer que não são ainda muito boas. Mas talvez eu me surpreenda, sei lá. E nesse exato momento apareceu mais uma joaninha por aqui. Terceira do dia (!). Significa?

Tomara.

(tem sempre uma esperançazinha que não sai de mim).

*diário do movimento do mundo em alusão ao livro A elegância do ouriço, que li esses dias. Achei que se adequava.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Sonho meu

Aqui, sonho meu. AQUI!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

doces sonhos

Sabe, aqui no sul tá fazendo um frio dos diabos. E aí, pra enfrentar toda essa massa de ar polar e esquentar um pouco o corpo, recorro frequentemente a uma boa e velha caneca de chá (que me acompanha por aqui aonde quer que eu vá). No quarto, na sala, na cozinha. À tarde ou à noite, ao lado dos livros, dos jornais, em frente a televisão, próxima a alguma bolachinha (ou não) - é fácil encontrá-la comigo. Ainda mais quando tá um dia escuro e cinza como o de hoje, né.

Pois bem, nesse exato momento, como não haveria de ser diferente, ela tá aqui, como uma extensão do meu corpo, como minha única companhia quente nesse final de tarde porto-alegrense. E foi há pouco que me peguei olhando e contabilizando os desenhoszinhos que tem nela. Por dentro: 3 folhas secas azuis. Por fora: 5 joaninhas vermelhas, 4 estrelas azuis, 4 flores coloridas, dois pares de coraçõeszinhos vermelhos, mais 3 folhas secas e mais uma série de corações vermelhos empilhados. Estes, uns posicionados do jeito normal de sempre, ou então virados pra esquerda ou pra direita. Mas tem um ali de cabeça-pra-baixo. E eu me apeguei a ele, sabe. Sempre olho pra conferir se ele continua do mesmo jeito. Fico achando que meu amor tem andado de ponta-cabeça.

Ah, doces sonhos é o nome do chá da caixinha azul que tomei hoje ;)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

ai meu deuszinho

preciso muito de ti.

não aguento mais.

por favor, me ajuda.

terça-feira, 13 de julho de 2010

vontade de

viajar.

1. pra sair por aí sem rumo (como se fosse suficiente pra esquecer tudo que tá aqui);

2. pra sentir aquele prazerzinho de ver meu porto de novo pela janela na hora de voltar.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

você tem medo de sofrer?

Não é que eu goste de sofrer, ou faça questão que isso ocorra, não é isso, pelo contrário: ninguém gosta, e todo mundo evita sofrer (inclusive eu). É apenas um sentimento que me dá força, que me encoraja a encarar o que tiver de vir, o que tiver de ser, e que, de alguma forma, tira um pouco do medo do que pode acontecer (taí uma coisa que todo mundo tem né? medo).

De algum tempo pra cá tenho me apegado à música, e especialmente ao trecho, que canta "ninguém tem nada de bom sem sofrer". A grosso modo é bem isso mesmo, não é? Ou tu já viu alguém conquistar, alcançar ou viver alguma coisa boa sem um sofrimento precedente?

Tá certo. Às vezes até pode acontecer de você ganhar algum prêmio promocional de rádio num golpe único de sorte na tua vida - e tu acreditar que é um sinal divino de alguma coisa - mas isso é fato raríssimo, uma sensação que poucos sentem, uma coisa indescritível e sem sentido algum. É exceção.

E aí me pego pensando que, no final das contas, a vida é algo próximo do se dar conta do sofrimento que é viver. É descobrir os limites de até onde tu aguenta pra viver aquilo que tu sonhas (que, por fim, acaba vindo não como um presente, mas como uma recompensa).

domingo, 4 de julho de 2010

de dentro de mim

Sabe, tem épocas que não tenho vontade de dizer nada mesmo. Simplesmente porque não acho que tenha algo a dizer, ou a contar. Não estou vivendo um momento propriamente bom - próximo daquilo que imagino como feliz - mas também não tá esse desastre todo.

Até poderia reclamar de umas coisas aqui, ou ali, que me incomodam ou me chateiam, mas aí, sabe o que acontece? Me toco. Meus problemas e minhas dificuldades não são lá muito grandes, não preciso olhar nem muito longe pra ver que tem gente muito mais fudida do que eu - entre familiares e amigos, inclusive. Me sinto envergonhado de falar qualquer coisa, me parece ridículo. Como se fosse, como dizem, a famosa reclamação de boca cheia.

E aí eu me calo, fico quieto no meu canto. Com meus sonhos, minhas expectativas, meus desejos, minhas frustrações e minhas conclusões.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Silêncio, por favor

enquanto esqueço um pouco a dor do peito
não diga nada sobre os meus defeitos...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

pro bloquinho (II)

- a gente sempre pode ser mal interpretado


(mesmo quando estivermos com as melhores intenções).


sempre.

domingo, 27 de junho de 2010

na bubuia

Passou. E hoje saiu um dia seco e lindo. E a cidade tá num silêncio bárbaro. E a casa também. E agora eu coloquei um sambinha tranqüilo pra começar meu dia...







Não há de ser ruim.

sábado, 26 de junho de 2010

Me falta o ar



Olha, uma certeza que tenho na vida é que, de fato, não existe tempo sexualmente mais estimulante do que este que une tempo chuvoso e temperatura amena. Os vidros ficam embaçados e esses pingos de chuva que insistem em não sair da janela se transformam em mais um motivo para não sairmos da cama, como se a umidade do ar fosse o tesão que nos grudasse ali e fizesse nossos corpos ainda mais quentes e desejosos.

Pra completar, esse silêncio de final de semana é perfeito pra colocarmos aquela música baixa e criarmos aquele clima em que o mundo se resume a dois, e onde o prazer é o objetivo único e mútuo, né.

Duas músicas - curiosamente as duas retratadas no feminino - de dois graaandes poetas (Chico e Gonzaguinha) falam dessas delícias da vida de uma maneira sensorial ímpar, e são verdadeiras imprudências se forem sussuradas ao pé do ouvido.

Em O meu amor, Chico descreve em detalhes, cantando assim: "o meu amor tem um jeito manso que é seu de me deixar maluca, quando me roça a nuca e quase me machuca com a barba mal feita, e de pousar as coxas entre as minhas coxas, quando ele se deita... aiii"

Já Gonzaguinha, em Explode Coração, vai ainda mais fundo (e a Bethânia, como sempre, interpreta de uma maneira absurrrrda):

"Chega de temer, chorar, sofrer, sorrir, se dar, e se perder, e se achar que tudo aquilo que é viver... Eu quero mais é me abrir e que essa vida entre assim, como se fosse o sol desvirginando a madrugada, quero sentir a dor dessa manhã... Nascendo, rompendo, rasgando e tomando meu corpo e então... Eu... chorando, sofrendo, gostando, adorando, GRITANDO - FEITO LOUCA, ALUCINADA E CRIANÇA - sentindo o meu amor se derramando... Não dá mais pra segurar: explode coração."

É ou não é de passar mal?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Pretérito Imperfeito do Indicativo

Engraçada uma coisa que me aconteceu hoje.

Foi no final da tarde, sozinho dentro do carro, preso no engarrafamento do sentido centro-bairro, enquanto o rádio tocava alguma coisa que eu simplesmente não tava prestando atenção.

Talvez fosse umas 17:35, sei lá... Só sei que foi exatamente nesse momento que me senti vivo.

Senti meu pescoço pulsando, meu corpo cansado. Senti uma vontade imensa de ser carregado pra casa, como um pacote, que simplesmente não precisa pensar, nem agir, nem tão pouco se mexer. Senti um sono louco. Senti que tinha passado o dia inteiro no automático, e que não tinha vivido um minuto sequer.

Somente naquele momento eu era. E a consciência disso vinha como pingos de chuva chegando ao sertão.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Preciso cuidar de mim

das duas uma: ou levo as coisas de uma maneira mais tranqüila, ou tenho um treco.












meu corpo tá gritando.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

vou continuar



Bom, só porque as coisas não podem estar sempre desastrosas, eis que volta e meia surgem uns bons ventos. Chegam assim, como quem não quer nada, e vão tomando posse, enchendo o que outrora era vazio e iluminando o que anteriormente fora escuro. Chega um momento que está tudo claro, nítido, definido. Os sentimentos estão ali, os fatos estão ali, as opções estão ali. Como um baralho em cima de uma mesa. Bom, não?

Gosto da música que canta:

"ali onde eu chorei, qualquer um chorava. Dar a volta por cima que eu dei, quero ver quem dava"

Mas, sabe, me parece um pouco esnobe também. A mim, nesse momento, acho que se adequaria alguma coisa com uma cadência mais lenta como desde que o samba é samba que diz:

"mas alguma coisa acontece quando agora em mim... cantaaando em mando a tristeza embora"

E talvez o grande complemento fosse:

"deixa eu cantar, que é pro mundo ficar odara, pra ficar tudo jóia rara..."

Qualquer coisa que se sonhara... Faz mal não.

No mais só uma bela pergunta de um professor pra mim, querendo saber se os dados passados influenciavam no exercício em questão. A resposta era não. Acertei. Aí que na mesma hora transpus pra minha realidade. A conclusão? Como ele mesmo disse: águas passadas não movem moinho. Vamos olhar para frente?

É, Engenharia Econômica ajudando na vida...

Quem diria?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

longos bordados

"Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas, vivem pros seus maridos: orgulho e raça de Atenas. Quando amadas se perfumam, se banham com leite, se arrumam - suas melenas. Quando fustigadas não choram, se ajoelham, pedem imploram mais duras penas, cadenas.

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas, sofrem pros seus maridos: poder e força de Atenas. Quando eles embarcam soldados, elas tecem longos bordados - mil quarentenas. E quando eles voltam, sedentos, querem arrancar, violentos, carícias plenas, obscenas.

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas, despem-se pros maridos: bravos guerreiros de Atenas. Quando eles se entopem de vinho costumam buscar um carinho de outras falenas. Mas no fim da noite, aos pedaços, quase sempre voltam pros braços de suas pequenas - Helenas.

Mirem-se no exemplo, daquelas mulheres de Atenas, geram pros seus maridos: os novos filhos de Atenas. Elas não têm gosto ou vontade, nem defeito, nem qualidade - têm medo apenas. Não tem sonhos, só tem presságios, o seu homem, mares, naufrágios, lindas sirenas, morenas.

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas, temem por seus maridos: heróis e amantes de Atenas. As jovens viúvas marcadas, e as gestantes abandonadas, não fazem cenas. Vestem-se de negro, se encolhem, se conformam e se recolhem às suas novenas - serenas.

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas, secam por seus maridos: orgulho e raça de Atenas." (CHICO BUARQUE)



Chico me mata duma forma...

#pra_não_reclamar_da_vida

domingo, 6 de junho de 2010

das dores

Aí que quando tá tudo bem com a gente, tá tudo certo, tudo dito, tudo claro, o que acontece é que parece que todos em volta estão desabando. Assim, de uma hora pra outra, sem nem avisar pra dar tempo de nos prepararmos.

Aí o que acontece? Me pego aqui segurando as pontas, tentando ponderar, ajeitar, arrumar. Tentando mostrar que as coisas não são bem assim, me desgastando por problemas que nem são meus, mas que me afetam profundamente. Acaba que me sinto cansado, desgastado.

Passei a semana inteira me sentido absolutamente impotente. Tudo porque não consigo colocar na cabeça de que às vezes não há nada que se possa fazer e que não preciso necessariamente sempre dizer alguma coisa.

Pra completar, uma gripe sem-pé-nem-cabeça me derruba em pleno domingo daqueles de céu mais azul de todos. E eu fico aqui me debulhando, todo congestionado e com essa dor de garganta que não passa. Aff.

sábado, 5 de junho de 2010

Invocação

Sabe, tenho que reconhecer que até que às vezes a televisão me surpreende com determinados programas. Hoje, por exemplo, duas entrevistas me tocaram de formas diferentes e tomaram a minha atenção por alguns vários minutos (fato raríssimo).

A primeira delas foi o finalzinho de uma matéria com a Glória Maria e suas filhas adotivas em um zoológico do Rio. Achei interessantíssima a forma como ela colocou o sentir-se viva dela, que antes da adoção passava por estar em viagens internacionais e coberturas de guerra, e hoje em dia se relaciona com amor por suas filhas e com a voz delas quando a chamam. Achei bonito. Me deu a impressão de que sentir-se vivo ao ser reconhecido por um filho deve ser, de fato, uma sensação única. Deve ser muito amor.

A outra foi em um programa sobre imortalidade, com o já mais que centenário Oscar Niemeyer (102 anos!). Achei impressionante a lucidez dele ao responder perguntas complexas, que eu demoraria horas pra chegar a uma conclusão plausível. Perguntado se a obra dele já não seria suficiente para torná-lo eterno, sabe o que ele respondeu? "Isso eu até acho graça". Eu ri, mas conclui que não há resposta melhor do que essa mesmo. Afinal, pra que ser eterno?

Logo em seguida lhe foi oferecido, hipoteticamente, o elixir da vida eterna, como uma possibilidade real, presente, concreta. Pois sabe o que ele respondeu? "Não penso nisso...". E, ao ser mais um pouco pressionado, finalmente completou: "se fosse pra todos eu queria, mas se fosse uma coisa individual eu não queria". Achei extremamente romântica a resposta e, ao mesmo tempo, extremamente tocante se constatadas suas condições físicas e psíquicas. (Vale a pena conferir o programa todo aqui)

No fim concluí que não faço questão nem de viver tanto quanto ele. Se for pra decidir, então, decido por viver o meu tempo. Ele há de ser suficiente.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

pro bloquinho

- deixar de ver coisas onde na realidade não tem nada.

pra viver melhor.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

você pode escolher

Sabe quando tu te pega cantando pra ti mesmo? Pois então, o que cantei pra mim hoje, saindo da aula, sob um céu lindo (azul daquele jeito que amo), foi aquela música do Rei que diz "é preciso ter cuidado, pra mais tarde não sofrer, é preciso saber viver...". Super autoajuda, eu sei, mas foi de repente que achei que fazia TODO sentido.

Afinal, os meus olhos molhados dos últimos dias talvez não tenham sido mais do que descuido meu. Descuido por esperar o que não devia, por criar expectativas, por não saber como lidar com determinados sentimentos, por não saber viver.

Não sei viver. Ou, se sei, acho que não sei. Sei muito pouco, aproveito muito pouco e, além disso, vivi muito pouco pra saber se estou certou ou errado. Sei também que vão me dizer que não existe certo e errado, ok. Nada é tão definitivo. Mesmo a verdade, que pra mim é algo tão importante, pra outros pode simplesmente não ser. Tem gente que prefere viver na mentira. E aí? O que eu posso fazer?

É claro que não é porque prefiro fazer assim, confessar meus sentimentos, minhas fraquezas, minha imaturidade, que todo mundo tenha de fazer isso também. Cada um vive do seu jeito, com as suas dores, com os seus traumas. Agora, se for pra viver na ilusão de algo que nem sequer existe, desculpa, mas acho que tá na hora de mudar. Se o bem e o mal existem, você pode escolher, é preciso saber viver.

E é aqui que sigo meu caminho. Com meu peito cheio de esperança, com minhas lágrimas nos olhos e com minhas costas pesadas. E acreditando. Como diria Clarice:

Não se pode dar uma prova de existência do que é mais verdadeiro, o jeito é acreditar. Acreditar chorando.

domingo, 30 de maio de 2010

Essas músicas

Sabe, hoje tava lendo, com a televisão naquele volume que mal se ouve (sintonizada na delícia que é o canal de música mulheres do samba), quando começou a tocar a versão que a Nana Caymmi fez pra Quantas Lágrimas, um dos meus sambas preferidos. Na mesma hora parei pra ouvir com a atenção que a música merece, e pra cantarolar junto, claro, bem baixinho. Porque esses versos melancólicos me invadem de uma forma que me deixa quase sem ar de tanta emoção. Afinal, é um desabafo que também é meu, principalmente quando ela canta assim:

"só melancolia os meus olhos trazem... ai quanta saudade a lembrança traz..."

Tenho dificuldade de cantar isso e não me emocionar. É um sentimento sem par, é um lamento de algo que não volta mais, um pesar eterno. Me acho em quase toda a música. A exceção talvez seja só o verso que canta "eu vivia cheio de esperança", pois, como talvez seja de sapiência de todos, ainda vivo cheio de esperança. Talvez por burrice, ou por ingenuidade, ainda acredito nas pessoas e nas relações. Ainda acho seja possível, ainda acho que posso chegar lá. Tomara que eu não esteja enganado.

sábado, 29 de maio de 2010

Da melancolia em mim

não, não pode mais meu coração
viver assim dilacerado
escravizado a uma ilusão que é só... desilusão...

ah, não seja a vida sempre assim
como um luar desesperado
a derramar melancolia em mim, poesia em mim...

vai triste canção
sai do meu peito e semeia emoção
que chora dentro do meu coração...



ai...

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Retrato falado

Aí que outro dia me peguei fazendo esses testeszinhos comportamentais. Não que estes sejam de grande confiabilidade, mas olha o que o meu deu:

Vítor: Você observa para entender. Você entende para se orientar e poder atuar.

Seu Maior Talento: Observador

Esta pessoa deste tipo de talento tem a capacidade de ir buscar no passado a compreensão para o que está se passando no presente. Desta forma, ela consegue ver a estrutura do presente e como ela foi se formando bem como as intenções iniciais. Apesar destas intenções estarem quase irreconhecíveis no presente, ela as identifica e isto lhe dá mais segurança de lidar com a situação podendo se sentir orientada para tomar decisões muito melhores. Esta pessoa se torna melhor parceiro porque entende as pessoas e mais sábio em relação ao futuro porque viu sua semente ser plantada. Ela precisa de tempo para se orientar e para fazer as perguntas certas que lhe darão esta visão linear da situação dentro do tempo e do espaço. Em compensação, quando constrói esta visão, pode ajudar muito mais os outros a entenderem onde estão e para onde querem ir. Da mesma maneira isto funciona com relação a administração, aconselhamento, negociações, consultoria e outros serviços voltados a pessoas ou bens.

Como se comunica

Você é o tipo de pessoa que raramente inicia um contato, esperando passivamente que os outros se aproximem. Enquanto não se sentir plenamente à vontade em uma interação social, é muito provável que adote um estilo sucinto, limitando-se a dar respostas objetivas e específicas, sem ampliar ou desenvolver a comunicação. Essa tendência é mais forte quando o ambiente é formal, acentuando seu estilo naturalmente reservado. Isso não significa que não valorize os relacionamentos, mas precisa estar muito seguro e ter apoio das pessoas para desenvolver laços mais fortes e interagir com mais fluência.

Sei lá, até que achei razoável a resposta, mas ao mesmo tempo senti como se esmagasse na minha cara o meu jeito. Jeito esse que apareceu depois de responder 24 simples questões, escolhendo em cada uma delas o adjetivo que eu achava que mais de adequava a mim. Tinha até um reloginho que controlava o tempo em que eu respondia. Estranho né, como se o nosso jeito fosse de múltipla escolha.

No final das contas fiquei achando que quem deveria responder esse teste é quem me conhece de verdade, pois aí a resposta não seria o que acho que sou, e sim o que pareço ser. Parece mais sensato.

No final do final das contas minha conclusão é óbvia: ainda tô pra conhecer um teste que diga tudo e exatamente o que a gente é.



Não sei porque ainda respondo a estas coisas...

domingo, 23 de maio de 2010

me explico

Sabe aquele frio que tu sente e que tu sabe que não vai passar se tu colocar uma blusa?

então...











é esse que eu sinto.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

olhos meus

Dentro dessas coisas que caem no nosso colo quando a gente menos espera, o que veio essa semana pra mim foi uma música de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira que ficou linda de morrer na divina-e-maravilhosa voz da Gal Costa. Por mais que a linguagem seja coloquial do interior nordestino, algo tããão distante da minha realidade, fazia algum tempo que uma música não me tocava tanto. A música se chama Assum Preto, dá uma olhada:



olha o que é a letra:

Tudo em vorta é só beleza,
sol de Abril e a mata em frô,
mas Assum Preto, cego dos óio,
num vendo a luz, ai, canta de dor...

Tarvez por ignorança,
ou mardade das pió,
furaro os óio do Assum Preto
pra ele assim, ai, cantá de mió...

Assum Preto veve sorto,
mas num pode avuá...
Mil vez a sina de uma gaiola
desde que o céu, ai, pudesse oiá...

Assum Preto, o meu cantar
é tão triste como o teu,
também roubaro o meu amor
que era a luz, ai, dos óios meus,
também roubaro o meu amor
que era a luz, ai, dos óios meus...


Me diz, tem história mais triste do a de um pássaro que não pode voar porque teve seus olhos furados por alguém que um dia julgou que ele deveria cantar melhor?

De certo é por isso que não entendo essa gente que se esforça para furar a alegria dos outros, com o chamado espírito de porco, e acabar com o que de mais singelo pode haver: a luz dos nossos olhos.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

a arte do (des)encontro

Interessante como a vida dá um jeito de nos colocar de frente a determinadas provações. O sentimento que fica é que, de alguma forma, vivemos para sentir aquilo, como se tivéssemos chegado até ali porque precisávamos chegar, porque essa era a nossa rota, o nosso caminho ou, como dizem alguns, destino. Querendo ou não, são nessas circunstâncias que ficamos mais fortes e aprendemos a ser mais felizes com muito menos do que alguns imaginam como mínimo.

Se vivi para te conhecer, devo agradecer à vida, aos meus pais, às circunstâncias e a todos aqueles que passaram pelo meu caminho de alguma maneira. Eles me fizeram ser o que sou, foram eles que te fizeram interessante para mim, foram eles que me fizeram interessante para ti. Sim, talvez esteja, erroneamente, atribuindo tudo ao acaso. Tenho responsabilidade também. Sou ser humano, ser pensante, racional, emocional. Sinto tudo, reparo no brilho do olhar, nas marcas do corpo, no jeito... Ando só.

Às vezes dá vontade de permanecer grudado num só bloco eternamente para que nossos corpos transmitam e recebam, por osmose, tudo aquilo que vivemos e que sentimos. Nossos corpos se expressam melhor do que nossas palavras. Além disso, unidos somos mais fortes e mais completos. Se virmos absolutamente tudo como oportunidades, então, veremos que nem todas valem o esforço, pois são realmente pouquíssimas que conseguem nos tocar e nos mover na direção daquilo que vemos como plenitude. Como diria Vinícius, a vida é pra valer e (não se engane não) tem uma só. Talvez estejamos perdendo a oportunidade de nossas vidas, ai de nós.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Drops de anis

então, voltei.

Não que tenha sumido de verdade, mas é que nesses últimos dias escrevi um monte de coisas que não postei (o que é raríssimo). Não me perguntem por que, talve seja só esse que vos escreve que ande um pouco mais crítico com aquilo sai desses dedos. Sei lá.

+

Uma das coisas era o poema do Fabrício Corsaletti que ouvi na rádio esses dias (e que ouvi hoje de novo!) que me pegou desprevenido e ficou na minha cabeça. Talvez porque não seja comum ouvir poemas em rádios, ou talvez por trechos como "não entendo porque Chico Buarque não escreveu uma música para o seu nome" que entregam tanto, mas tanto, que nem preciso dizer mais. É um amor louco que está em 60 versos simplistas até, mas que são suficientes para hipnotizar os ouvidos. Merece os três minutos e pouco da atenção de qualquer um.

+

Outra coisa era sobre a capa da Veja desta semana, revista esta tratada por muitos como revistinha direitista neoliberal e que, por isso, é constantemente hostilizada com todos aqueles argumentos políticos. Pois bem, esta mesma revistinha-conservadora-que-só-sabe-atacar-o-nosso-presidente publicou na última edição uma matéria gigantesca, que ganhou a capa inclusive, com o tema geração tolerância - o começo do fim do preconceito. Achei louvável. Me deu um sentimento de estar vendo uma transformação, como se estivesse vendo a sociedade, ao menos em alguma coisa, evoluir. Orgulho.

+

No mais o que dá pra dizer é que tenho tido mais certezas do que dúvidas. E isso é ótimo, não? dá uma autoconfiança maior para enfrentar o que vem pela frente.

Vamos ver até quando dura.

terça-feira, 4 de maio de 2010

sou um só

Confesso que o bilhete de cinema do Unibanco Arteplex conseguiu roubar minha atenção dia desses. Simplesmente porque nele está escrito, logo abaixo do horário da sessão e do valor do ingresso, assim: Volte sempre! Foi um prazer recebê-los.

Claro que é um prazer para qualquer tipo de estabelecimento receber algum cliente e ganhar dinheiro mas juro que, por algum tempo, fiquei pensando no porque daquele "recebê-lo" estar no plural. Não faz nenhum sentido.

Cogitei que pudesse ter sido impresso assim pois havia comprado dois ingressos juntos, mas não, estava enganado. Conferi depois, em casa, na minha coleçãozinha de entradas de cinema (única que mantenho ativa) e em todos, veja bem, em todos os ingressos desta rede está escrito da mesma forma, inclusive no ingresso daqueles filmes que assisti sozinho. Há anos está escrito aquilo ali, no mesmo lugar e do mesmo jeito.

Claro, vão me dizer que é assim mesmo, que as pessoas geralmente vão ao cinema acompanhadas - onde o recebê-los faz todo sentido - mas esse argumento a mim não convence. Pensa comigo, o ingresso é único e é válido para somente uma pessoa, por que diabos agradecer no plural!?

Nesse momento, tenho certeza, vão me dizer que estou fazendo tempestade em copo d'água. Afinal, pode ter sido apenas um erro de digitação que nunca ninguém se deu conta e é besteira pensar nisso. Até tento, mas sei lá... fiquei pensativo. Me imaginei sendo vários.

domingo, 2 de maio de 2010

minhas oferendas

De repente hoje me encontrei cantando marinheiro só:

Eu não sou daqui, marinheiro só
Eu não tenho amor, marinheiro só
Eu sou da bahia, marinheiro só
De São Salvador


mesmo não sendo da Bahia, mesmo não tendo morrido de amores pela capital dos baianos, mesmo não sendo filho de nenhum orixá, hoje sinto que deveria entregar minhas oferendas à São Salvador, à Iemanjá, à todos os santos e à todos os orixás do meu brasil brasileiro, meu mulato inzoneiro. Sinto que deveria demonstrar toda minha gratidão por tudo que essa vida me deu e que, olhando, me faz reconhecer de que sou um guri de muita sorte, em diversos aspectos.

Sou marinheiro só, navego por aí sozinho, sinto o balanço do mar e volta e meia acontecem uns tombos do navio também, mas sigo em busca daquilo que sonho. Sou marinheiro só, mas meu porto é fixo. Aqui é minha terra e meu mar, e é aqui que vocês me encontram, completo e incompleto, certo e errado, perfeito e imperfeito, todo de branco, com meu bonézinho.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Não resisto

Sabe, uma das minhas maiores descobertas dos últimos tempos foi, pasmem, um dvd da Gal que estava na gaveta do armário da sala! Acho que nunca tinha parado para ouvir direito ao Ensaio dela pra tv Cultura, sei lá, não sei bem o que aconteceu, só sei que me apaixonei. E assim o assisti uma, duas, três, mil vezes.

Tudo porque a voz da Gal é imbatível e porque a riqueza do repertório é algo que me cativa por horas e horas. Poucos dvds conseguem me prender tanto.

Logo no começo tem uma versão linda de morrer de sua estupidez. Podem até procurar mas duvido que encontrem alguém que pergunte quantas vezes eu tentei falar que no mundo não há mais lugar pra quem toma decisões na vida sem pensar? de forma tão sublime. E ainda tem um trecho em que aparece ela moça, linda, com um chapelão enorme, cantando isto... impossível de não se apaixonar (e eu entendo o pôster dela toda formosa que o meu pai guardou por anos hehe).

Logo depois vem o jazz de as time goes by: you must remember this, a kiss still a kiss... e aí eu me derreto todo cantado it's still the same old story, a fight for love and glory, a case of do or die... Continuo o mesmo, hehe. Suspiros.

Mais tarde, depois de se é tarde me perdoa, ela ainda consegue fazer eu me remexer no sofá e até gostar um pouquinho do Gil (!), cantando eu vim da bahia contar tanta coisa bonita que tem, a bahia que é meu lugar...

Daí, como se já não bastasse, vem a música que volta e meia insisto em dizer que é minha, que foi, quem sabe, a primeira e a melhor coisa que o Caetano escreveu na vida: coração vagabundo. Meu coração não se cansa de ter esperança de um dia ser tudo o que quer, meu coração de criança não é só a lembrança de um vulto feliz de mulher. Aiai, meu coração vagabundo quer guardar o mundo em mim. Não preciso nem comentar, né?

Depois ainda vem baby, com sua construção rimadinha e bonitinha cheia de dicas. Você precisa saber da piscina, da margarina, da Carolina, da gasolina. Você precisa saber de mim. Baby, baby, eu sei que é assim... Tenho certeza de que não tem ninguém tão sutil que chame a atenção de baby tão bem. Gal me convence de que baby mal consegue ver a realidade, de que precisa saber de tudo ainda, me convence de que realmente preciso chegar ao final da música e cantar baby, baby, i love you.

Mais tarde vem desde que o samba é samba onde eu volto a me remexer e me entrego visto que cantando eu mando a tristeza embora, e ainda faço um samba em quando bate uma saudade, do mestre Paulinho da Viola.

E aí, como se eu já não estivesse pra lá de satisfeito, lá no final a Gal me vem toda doce com folhetim, do meu nº1 Chico Buarque, e se entrega pra mim cantando: se acaso me quiseres, sou dessas mulheres que só dizem sim: por uma coisa à toa, uma noitada boa, um cinema, um botequim...

Tem como recusar?

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Meu avô é professor

É com imenso orgulho que falo do meu avô. E vou te dizer que sempre foi assim, e que a cada dia meu orgulho fica maior. Tudo porque meu avô é um vencedor e eu sou um privilegiado por um dia ter conhecido uma pessoa de tamanha sabedoria e consciência.

Meu avô é de origem humilde. Mais ou menos do interior do interior do interior do interior do meu estado. De um lugar que ainda hoje é distrito de um municipício que não tem nem 3 mil habitantes. Pois então, foi de lá que ele saiu, como mais velho de 12 irmãos, para estudar como seminarista e, depois da desistência, como estudante do ensino normal - aquele que formava professores.

Meu avô seguiu a carreira de seu pai, que era o professor da comunidade. Que era, segundo relatam, o conselheiro de todos: aquele que era procurado pela comunidade para que desse sua opinião, que era a cabeça pensante e sensata no meio dos filhos dos colonos italianos que ainda mal sabiam falar o português, que viviam em mundo limitadíssimo, onde a polenta era o prato único e principal. O que só vem a provar de que não teve e que, provavelmente, nunca haverá profissão mais nobre do que a de professor, né.

Pois foi daí que ele saiu e cresceu na vida. Começou ministrando aulas de ensino fundamental na comunidade ao lado e depois se transferiu para o pólo da região aonde foi, mais tarde, delegado de ensino e posteriormente coordenador regional de ensino. Como se não bastasse, meu avô foi reitor por muitos anos de uma das (hoje) maiores universidades do interior do estado. É tido como um dos principais responsáveis pelo seu salto de ensino e qualidade. Ele venceu. Transmitindo o conhecimento, meu avô conheceu o mundo.

Morro de orgulho cada vez que penso de onde ele veio e aonde ele chegou. Penso na casa de madeira que está lá até hoje, nos doze irmãos, nas dificuldades da época, e também no que ele alcançou. Penso no infarto e no câncer que ele já superou mas que nem assim o desmotivou para continuar vivendo e trabalhando. Meu avô é exemplo de tudo, é professor da vida.

Além disso, ele não parou no tempo. Navega na internet, utiliza e-mail, adora tecnologia e, como se não bastasse, tem uma mente mais aberta do que muitos jovens que conheço. Meu avô deve ter puxado ao pai no quesito sensatez.

Pra completar, meu avô chegou aos oitenta anos não esquecendo, nem tão pouco negando, suas origens. E foi assim que ele comemorou seu aniversário, com a sua (enorme) família no lugar onde nasceu, cresceu e aonde viu os colonos irrigando o nosso fértil solo, segundo suas palavras, com suor e lágrimas. Meu avô me emociona. Ainda mais quando canta, cheio de emoção, relembrando seus antepassados, uma canção que, quem sabe, até hoje continua sem resposta:

"merica, merica, merica, cosa saràlo 'sta merica?"

quarta-feira, 21 de abril de 2010

da vida

Olha, vou te dizer que... NÃO TÁ FÁCIL.

Hoje, depois de muito tempo, tremi de raiva. Mas assim, se digo tremi, é porque tremi mesmo. Me segurei pra não responder, pra não agredir de volta, pra não faltar com o respeito e soltar os cachorros. Tudo porque, né, com gente mais velha a gente não discute, a gente respeita, engole e pronto - aprendi desde pequeno.

Pois então, foi o que eu fiz. Engoli, e depois chorei no meu canto também. Porque também não é mole ouvir, não responder e ainda ficar como se estivesse tudo bem e ok, ficamos por isso mesmo, amigos.

+

Não sou e não tenho pretensão nenhuma de ser perfeito. Só quero viver em paz. Sempre tentei fazer o melhor que eu pude, só isso, como forma de viver mais tranquilo, principalmente com a minha consciência. No final das contas acho que até sou reconhecido por isso - vejo muita gente que demonstra gostar de mim e do meu jeito. Mas aí o que eu recebo? Que sou 'bom, bom demais'. Percebe a crítica?

Até no elogio ela vem embutida (e sempre foi assim: eu tentando fazer o melhor possível e sendo corrigido sistematicamente). Mas aí, se tu demonstra algum sentimento de tristeza, por ter dificuldades de responder ou por ter dificuldades de não ser assim tão 'bom demais', ou simplesmente por não ter feito do jeito que esperavam, o que vem é mais uma crítica por não saber lidar com os sentimentos e não saber nem sequer se defender. E aí eu desando de vez.

Tenho saída?

terça-feira, 20 de abril de 2010

alfabeto sentimental

Das coisas que concluí nesse início de ano talvez a mais importante delas seja a de que, definitivamente, não posso ficar triste pelo inevitável. Talvez seja uma obviedade dizer isso, talvez esteja sendo um pouco duro, sei lá, mas realmente faz pouco tempo que me dei conta de que o inevitável é, de fato, inevitável. Me explico:

Se estamos afastados de alguém por motivos que a vida nos apresentou (estudo, trabalho, namoro, viagem), são fatos que não desmoronam a nossa relação. São apenas acontecimentos que nos afastam, que diminuem a nossa intimidade, que nos fazem ter uma saudade saudável: a dos momentos juntos, que nos dá aquela dorzinha boa. Que nos deixa com a sensação de que alguém que tu ama e adora tomou um rumo bom, que seguiu as suas vontades, que foi atrás dos seus sonhos. Não há nada mais nobre.

É a vida nos levando para caminhos diferentes, inevitável... É o caminho em X. É o nosso encontro ali no meio, e o nosso seguinte distanciamento... Mas que não impede que repitamos o movimento. Percebe?

Agora, se estamos distantes por algum motivo que poderia ser evitado... Me estristeço. Principalmente porque tenho a tendência a sempre pensar que poderia ter feito melhor, diferente, para que as coisas não tivessem tomado o rumo que tomaram. É o evitável...

É como se tivéssemos tomado o sentido de um V mesmo. De onde, juntos, começamos a nos afastar e que não nos deixa com chance de volta. O vê nos afasta pra sempre, o vê é triste. Percebe?

Claro que tudo isso sempre pode mudar. Tenho consciência de que sempre teve, e sempre haverá, exceções. O caso da fulana, do sicrano, do não sei quem...

No final das contas, a conclusão a que chego é que, sim, o que gosto mesmo é de agregar as pessoas à minha vida: de ver o crescimento, as conquistas, as vitórias. Gosto das relações longas, da confiança existente nas amizades firmes e duradouras. Tenho dificuldades seriíssimas de ficar por ficar, de conhecer por conhecer, de ser amigo por ser amigo - sem se preocupar ou querer bem.

Aqui, então, confesso pela minha afeição pelo T ao contrário - de cabeça pra baixo, invertido, de ponta-cabeça - e pela ideia dos distantes que se encontram e seguem juntos...

sábado, 17 de abril de 2010

ai Clarice,

o que mais passava pela tua cabeça quando escreveste isso?

"Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. O 'amar os outros' é tão vasto que inclui até perdão para mim mesma, com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto. Tenho que me apressar, o tempo urge. Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida. Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca [...]"

Fazia tempo que não lia algo tão bonito. A destreza com que lidas com a sutileza e a imensidão do amar - tão necessário e tão impossível de viver sem - me faz ler e reler esse trecho para me convencer de que, definitivamente, não há nada mais que nos salve que não seja o amor.

Como se já não fosse muito, somaste ao amor o escrever e o criar os filhos - explodi. Talvez não exista nada mesmo que me entregue mais do que aquilo que escrevo, assim como meu amor aos outros e, imagino, aquele que um dia sentirei por um filho meu. Espero, de coração, que minha vida seja suficientemente longa para que eu chegue a essa plenitude: um grande amor e um filho talvez seja tudo (e somente) o que eu precise para escrever.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Vontade de

engolir o tempo.


só pra ver onde tudo isso vai dar.

domingo, 11 de abril de 2010

Flutuando no Porto

E não é que a alegria do meu domingo foi que saiu um dia liiiiiiiindo na capital e eu pude - depois de meses - sair com meus fones por aí sem rumo certo cantarolando as mais belas canções da música popular brasileira?

Tava daqueles dias de céu azul azul, sem nenhuma nuvem, que dá vontade de deitar no gramado e ficar ali, parado, olhando para cima, contemplando todo o azul desse mundo e pensando como a vida parece tão melhor em dias de tempo bom e pouco trânsito nas ruas, sabe?

Não que tenha acontecido alguma coisa muito boa, ou algo parecido, muito pelo contrário: não aconteceu nada... Só saiu um dia bonito mesmo, desses que mexem comigo e me fazem bem. Se agora me sinto melhor, mais disposto, mais feliz quem sabe, isso hoje se deve também à São Pedro. Thanks, God.

Foi daqueles dias que gostaria que todos aqueles que gosto estivessem comigo, aproveitando o que de bom essa vida tem pra dar pra gente, e o quanto isso nos faz mais feliz. Foi daqueles dias que queria apresentar meu Porto à quem não conhece, pra que admirassem o azul do meu céu e o verde das minhas árvores, e sentissem um pouquinho daquilo que eu senti. Vi até uma borboleta amarela voando comigo em plena 24 de Outubro :)))

Pra terminar, fica a música bonitinha que embalou esse post de happy - sunday (!).

"let's get rich and buy our parents house in the south of france, let's get rich and give everybody nice sweaters, and teach then how to dance! let's get rich and build a house on a mountain making everybody look like ants, from way up there, you and i, you and i..."

não custa nada sonhar, né?

sábado, 10 de abril de 2010

Gentileza

Juro que não sei porque isso acontece, mas a impressão que tenho é que cada vez fico mais chateado com a grosseria, a falta de educação e a falta de palavra das pessoas. Sinto como se tivesse regredindo mesmo, como se, ao invés de ficar mais duro e mais preparado pra esse tipo de situação, eu estivesse cada vez mais sensível.

Não sei se é a fase, ou sei lá o que, mas volta e meia acontece de me envergonhar por isso. Me envergonho por esperar que as pessoas sejam educadas, sinceras, que falem a verdade, quando isso deveria ser o mínimo que uma pessoa deveria fazer. Veja bem, me envergonho por depositar esperança, me envergonho por acreditar que as pessoas sejam melhores do que elas realmente são. Me sinto bobinho.


Fora isso, sou daqueles que fica sem reação com alguma resposta ou atitude inesperada. Frequentemente fico boquiaberto, sem saber o que fazer, sem saber o que dizer, de olhos arregalados, quase assustado, chateado mesmo. Não sei bem porque... talvez pela minha educação, talvez pelo meu jeito comportado, sei lá, não sei mesmo.


Há quem diga que não dá pra ser legal com as pessoas, que elas abusam de ti (me lembrei do filme Dogville, de Lars Von Trier, agora), e até pode ser mesmo - acho que acontece com frequência, inclusive comigo. Mas será que a única saída é colocar as garras pra fora, arranhar de volta, ser agresssivo com o mundo? Vejo muita gente assim.


Talvez seja mais uma das minhas bobagens mas, como diz um texto da multifuncional Elisa Lucinda: "... então agora vou sacanear: mais honesto ainda vou ficar. Só de sacanagem". Bem isso. Quer vir com grosseria, falta de respeito, falta de educação, mentiras? Ok. Pode ter certeza que a minha resposta não há de ser pela lei de Talião. Se tô errado, sinceramente, não sei. Um dia eu descubro.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Dos infortúnuos da vida

Agora pra ti ver, como se já não bastasse toda a maré de desventuras dessa semana, hoje recebi o resultado de um teste que fiz na semana passada. Valia 10. A minha nota? Dois. Pode? Na engenharia pode.

Única coisa que consola é que a média da turma foi 2,3 (e eu achava que o pior já tinha passado...).

+

Já minha passagem pela delegacia continua sem solução. Espero sinceramente que as coisas se resolvam e eu não precise ir pra justiça. Enfim, sair da 1ª DP com uma ocorrência de estelionato nas mãos não é das melhores sensações. Eu não precisava disso.

+

Fico chateado com algumas coisas que acontecem, mas também não vou me queixar muito. Porque né, tem gente muito mais fodida na vida.

+

Quanto a mim, tudo bem até. Volta e meia fico meio assim, mas passa e volto ao meu estado normal. Com a sensação de que cada vez vejo tudo um pouco mais claro e que, com o tempo, as coisas hão de se ajeitar e eu possa, assim, aproveitar o que essa vida tem pra me oferecer. Aiai, sonho meu.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

ter alguém que te escute


pode ser ter alguém que te salve.

terça-feira, 6 de abril de 2010

só queria

o aconchego de um abraço do tamanho do mundo.
e um ombro pra me encostar até dormir.

domingo, 28 de março de 2010

sexta-feira, 19 de março de 2010

Sem alarmes

Aí que essa não foi uma semana boa mesmo... por inúmeros motivos. Várias coisas deram errado, me senti mal e ainda enxergo algumas sequelas disso tudo.

Claro que, de certa forma, apesar dos pesares, acho que pode ter sido uma semana válida também. Expor aquilo que acontece, e aquilo que a gente sente, é, quem sabe, a forma mais verdadeira de se viver e de ser honesto com os outros.

Entretanto, quando nos expomos, muitas vezes acabamos decepcionando àqueles que nos querem bem por revelar algumas de nossas fraquezas, alguns de nossos aspectos mais vergonhosos e algumas daquelas coisas que fazem a gente ser o que é.

Me senti como se fosse uma grande decepção. Talvez ainda mais pra mim mesmo.

Não quero também que pareça que estou fazendo tempestade em um copo d'água. Estou bem, consciente, e sei que esses pequenos nós que aparecem na vida da gente sempre acabam nos fortalecendo. As coisas se ajeitam.

Agora eu acho que é a hora de ficar um pouco quieto. Não quero falar, não quero me queixar, não quero me explicar. Ando cansado...

Como consequência, é provável que passe uns dias longe daqui também. Reduzindo, reutilizando, reciclando. Quando for a hora, eu volto.

Não há de demorar ;)

segunda-feira, 15 de março de 2010

Auto desprezo

Tem momentos que me odeio tanto que tenho vontade de vomitar.

terça-feira, 9 de março de 2010

Amor e solidão

Fazia tempo que não achava música que se aproximasse tanto daquilo que um dia eu senti e que, quem sabe, ainda sinto.

Como não podia deixar de ser, é Chico. Pois é! Então... Não preciso dizer mais.

Pois é

Pois é!
Fica o dito e redito por não dito
Que é difícil dizer que ainda é bonito
Cantar o que me restou de ti

Daí,
Nosso mais que perfeito está desfeito
E o que me parecia tão direito
Caiu desse jeito sem perdão

E então,
Disfarçar minha dor já não consigo
Dizer que nós somos bons amigos
É muita mentira para mim


Enfim,
Hoje na solidão ainda custo a entender
Como o amor foi tão injusto
Pra quem só lhe foi dedição...

Pois é! Então...
Fica o dito e redito por não dito
Que é difícil dizer que ainda é bonito
Cantar o que me restou de ti

domingo, 7 de março de 2010

Significados

idiossincrasia

[substantivo feminino]

1. Disposição do temperamento do indivíduo, que o faz reagir de maneira muito pessoal à ação dos agentes externos.

2. Maneira de ver, sentir, reagir, própria de cada pessoa.


+

Certas coisas me doem tanto.

sábado, 6 de março de 2010

Não ia prestar

[eu] mãe, tu sempre foi braba assim?

[ela] sempre.

[ela] ainda bem que tu não é, né.

[eu] é.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Repuxo

Depois de uma segunda-feira péssima, e de uma terça-feira de recuperação, eis que estou aqui de novo, bem mais tranquilo.

Anteontem foi daqueles dias que poderiam entrar para a lista dos piores da vida. Foi daqueles dias em que nem ler ou escrever você consegue, de tão confuso que você está e de tantos sentimentos que estão em jogo. Me senti mal, péssimo, só, impotente, sem saída, triste, derrotado. Meio que me desesperei (coisa que não acontecia há muuuuito tempo) e me senti me afogando.

E, quando digo me afogando, é porque a coisa tá séria. A exaustão, a perda de energia, as forças maiores fazendo pressão, o não saber o que fazer... Já passei por tudo isso - no mar e no amar. É horrível.

Claro que chorei, claro que fiquei mal, claro que tudo parecia imenso e intransponível. Menos mal que passou e que agora já me sinto em terra firme, como se tudo não tivesse sido um grande susto.

Minhas navegações às vezes me levam a lugares desconhecidos e volta e meia perco o prumo e o caminho de volta pra casa. Minha sorte é, até hoje, sempre ter sido encontrado por salva-vidas, marinheiros, sereias e capitães do mar de bom coração. Torço muito que isso aconteça pra sempre.

Coincidência ou não, enquanto eu implodia aqui embaixo, a lua explodia lá em cima. Linda e prateada - do jeito que eu amo.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Coração como expressão

"Que me perdoem se eu insisto neste tema, mas não sei fazer poema ou canção, que fale de outra coisa que não seja o amor"

+

Me dá um abraço?

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Adorei isso



Não deixa de ver não. Achei incrível!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Saravah

Ah, o Poetinha me entende tanto...

"Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor, não tenha medo de sofrer
Pois todos os caminhos me encaminham pra você...
""

+

Poética I também é dele.

"De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço
- Meu tempo é quando
"

+

Vinícius de Moraes, meu rei, muito obrigado.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sinto muito

No final das contas, acho que esse é meu maior problema: eu sinto. Me entristeço e me preocupo com quem eu mal conheço e ainda mais com aqueles que gosto.

Não tenho pretensão nenhuma de ser alguma Madre Teresa do sul do Brasil mas, poxa, se a criatura tá ali precisando de alguém - nem que seja só pra conversar - por que diabos eu iria recusar de emprestar um pouco da minha atenção a alguém que precise?

Acho curioso que tem muita gente que não pensa assim. São tão preocupados consigo mesmo que o ato de ouvir a história de outros lhes parece algo desinteressante e enfadonho.

Todo mundo tem algo a falar. Dos mais ricos aos mais pobres, dos mais sofridos aos menos, dos mais jovens aos mais velhos, todos tem algo a contar (não tenho nem dúvidas disso).

Talvez eu pareça convencido mas, nesse momento, me sinto apto a ouvir qualquer pessoa e, mesmo que não tenha uma formação acadêmica pra isso, estou disposto a ajudar e a tornar a vida de alguém melhor.

Não dói ouvir um pouco, não dói elogiar, não dói tentar fazer alguém feliz. Me sinto bem assim. Acho que posso ajudar muito. Só falta a pessoa querer.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Estou sendo

E não é que a insegurança da semana passada passou? E não é que tenho cantado todos os dias essas canções de amor como se fossem o ar que eu precisasse pra sobreviver?

E quando escondo a minha olheira é... colher amor (L)

Como diria o Rafa: ai de mim.

+

E não é que eu descobri a frase que mais se ajusta àquilo que eu penso com relação ao acíclico? E não é que é logo dela?

"Eu escrevo para nada e para ninguém. Se alguém me ler será por conta própria e auto risco".

[Clarice Lispector]

Adorei.

+

E não é que eu ainda não tinha postado um dos trechos que mais gostei do livro? Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres?

Só que ela não queria ir de mãos vazias. E assim como se lhe levasse uma flor, ela escreveu num papel algumas palavras que lhe dessem prazer: "Existe um ser que mora dentro de mim como se fosse a casa dele, e é. Trata-se de um cavalo preto e lustroso que apesar de inteiramente selvagem - pois nunca morou antes e ninguém nem jamais lhe puseram rédeas nem sela - apesar de inteiramente selvagem tem por isso mesmo uma doçura primeira de quem não tem medo: come às vezes na minha mão. Seu focinho é úmido e fresco. Eu beijo o seu focinho. Quando eu morrer, o cavalo preto ficará sem casa e vai sofrer muito. A menos que ele escolha outra casa e que esta outra casa não tenha medo daquilo que é ao mesmo tempo selvagem e suave. Aviso que ele não tem nome: basta chamá-lo e se acerta com seu nome. Ou não se acerta, mas, uma vez chamado com doçura e autoridade, ele vai. Se ele fareja e sente que um corpo-casa é livre, ele trota sem ruídos e vai. Aviso também que não se deve temer o relinchar: a gente se engana e pensa que é a gente mesma que está relinchando de prazer ou de cólera, a gente se assusta com o excesso de doçura do que é isto pela primeira vez."

Ela sorriu. Ulisses ia gostar, ia pensar que o cavalo era ela própria. Era?

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Do fim até o começo

Hoje acordei com vontade de escrever uma carta para você... Estou com saudades. Os dias tem sido silenciosos (a cidade toda está viajando nesse período de carnaval) e talvez isto também tenha contribuído para eu estar aqui, agora, escrevendo essas palavras enquanto escuto essas músicas de amor.

Meus pais foram pra praia e estou reinando na casa. Não tenho horário pra nada e estou curtindo essa liberdade, por mais que desejasse sua companhia e seu olhar na minha direção.

Não tenho muitas novidades. Continuo na minha ruivisse natural, de cabelos ondulados e sem corte algum. Acabei de tomar um banho quente e sinto meus cabelos molhados encostando na minha nuca, de tão longos que estão. Não sei bem por que, mas tenho cuidado pouco de mim.

Aqui chove e o vidro em minha frente está repleto de respingos das gotas que caem no parapeito da janela, alterando minha vista. Menos mal que o calor das últimas semanas se foi e, sinceramente, espero que não volte. Continuo não gostando desses dias cinzentos, mas esse cheiro de terra molhada até que não é de todo ruim. Ouço até uns passarinhos cantando...

Hoje terminei de ler Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres, de Clarice Lispector. É, de longe, um dos melhores livros que li nesses últimos tempos. Tava precisando ler essas coisas relacionadas ao amor, e eu adorei. É lindíssimo. Uma aprendizagem, de verdade. Não bateu Dom Casmurro na minha lista dos preferidos, mas chegou bem perto. Sublinhei inúmeros trechos e tenho vontade de relê-lo daqui muito tempo, só pra saber se continuaria a grifar os mesmos pedaços.

Ah, nessa semana assisti também ao filme Amor sem escalas. Assim, sem esperar muito, e acabei gostando bastante. Ele me fez pensar. E isso é tudo, não é? Tem um trecho em que perguntam para o protagonista: "Sabe aquele segundo em que o mundo pára quando você olha nos olhos de uma pessoa?" E, sabe o que ele responde? "Eu não". Pode isso??? Quer dizer... Até acho que pode alguém pensar assim... Mas acho que ele perde tanto, né? Continuo bobo daquele jeito que você conheceu.

Hoje passarei a tarde com meu sobrinho mais velho, o Pedro - que já está com 6 anos, super esperto (você não imagina o quanto). Não sei bem o que fazer, mas estou pensando em levá-lo para assistir Alvin e os esquilos 2 no cinema. Tomara que ele ainda não tenha visto.

Como deve ter notado, estou bem, tranquilo. Minha tristeza às vezes aparece, mas some bem depressa também. Tenho vontade de saber de você. Como você está? Assim... Como você está de verdade? Tens novidades? Suas dúvidas continuam as mesmas? Teus medos continuam os mesmos? Tens descoberto novos lugares? E a tua família, como vai? Tenho saudades de você, tenho saudades do seu jeito. Tenho saudades de tudo. Dê notícias.

Um beijo,

Vítor.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Tatu-bola

Às vezes me sinto assim. Como um bichinho que, ao sofrer algum ataque, ou ao se sentir inseguro, se enrola e fica na sua. Ali, protegido pelo próprio casco, dando voltas em si mesmo, se aquecendo e vivendo no seu próprio calor. E, vou te dizer, não é ruim não. É só questão de esperar o momento certo de reabrir e continuar a caminhar de novo. Tempo tempo tempo tempo.

Legal também constatar que as pessoas que mais gosto são justamente aquelas que, em alguma determinada fase, me ajudaram a me desenrolar e me fizeram acreditar mais em mim. Sou grato e inclusive já até agradeci num dos primeiros posts desse ano.

Mas o mais legal de tudo isso é constatar que o tatu-bola, mesmo enrolado, pode continuar a se mover! E isso é tudo. E é assim que me sinto.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Preciso cuidar de mim

Sabe?

Tenho andado quieto. Até falo, mas nada que acrescente... Percebe? Como se a minha dor estivesse ali, louca pra berrar, mas continuasse calada, disfarçada pelo meu sorriso e meu olhar pro chão.

Desde sempre fujo do espelho. E do cabeleireiro...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Tenho a quem puxar

Minha mãe foi ao super e comprou laranja, abacaxi, mamão, manga, maçã e banana.
Meu pai foi ao super e comprou laranja, abacaxi, mamão, manga, maçã e banana.
Me divirto com o excesso de comunicação das partes.
E depois dizem que eu falo pouco...

+

O mais legal foi que, obviamente, saiu uma MEGA salada de fruta. E aí, meu filho, me diz: pra aguentar o calor senegalês que faz nessa cidade, tem coisa melhor?

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Lua Vermelha

Deitado sobre a colcha da cama começo a admirar as estrelas que surgem no teto como fogos de artifício na escuridão da noite. Ardo em febre. Contorço-me feito louco em camisa de força, sinto dores em todas as articulações e quase me sufoco no bafo causado pelo calor do sol que bate na janela entreaberta do quarto. Tenho sede. Isso tem que acabar. Numa das tentativas, firmo meu tronco, respiro fundo e reparo minhas costas coladas no tecido cinzento. Meu suor é grande, meu corpo nu exala minha dor, meu desejo e minha doença. Sinto também minhas nádegas achatadas pelo meu próprio peso e minhas mãos calejadas que repousam sobre a coberta como belas moças sob o sol do verão. Meu corpo continua tenso, inquieto, como se a loucura lambesse minha orelha. Nada sobre mim, nada sobre a cama, ninguém (nem sinal). Reviro meus olhos, os fecho e me deparo com minha respiração ofegante, meu batimento acelerado, minha cabeça a mil. Meu cheiro é forte, grave como minha voz que não sai. Minhas cordas vocais parecem ter desaparecido e o incômodo na garganta me lembra da rouquidão de ontem. Percebo meu delírio me dominando, desespero. Não me mexo. Quem sabe acaba. Agora, lentamente: um, dois, três... Não dá. Chego ao quatro e não mudo. Nada acontece e meu corpo continua a transpirar. Sinto como se fosse derreter tal qual manteiga no calor da panela de ferro. Vontade de me rasgar, de me virar pelo avesso, implodir, sumir. Aos poucos e depressa. Como o meu prazer - e o meu fim.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Precisa estar aqui

Eu sei muito pouco, mas tenho a meu favor tudo o que não sei.

(Clarice Lispector)

domingo, 17 de janeiro de 2010

Lovefool


Sabe, tem um trecho do 'The dreamers' que realmente faz muito sentido pra mim e combina perfeitamente com a minha forma de pensar. É um diálogo não muito longo em que os três estão nus na banheira cheia de espuma e Matthew coloca em dúvida a forma como os "gêmeos" exprimem o amor.

Começa assim:

[Matthew] I love you, Isabelle.

[Isabelle] I love you too, Matthew.

[Matthew] Yeah, but I really love you.

[Isabelle] I really, really love you too. We both do. Don't we, Theo?

[Theo] Oh, yeah.

[Matthew] That's not what I wanted you to say.

[Theo] What do you want us to say?

[Matthew] I wanted you to say you love me.

[Theo] We just did, Matthew.

[Matthew] No, you said you love me too. I don't want you to say you love me too. I want you to say that you... love me.

[Theo] Oh, we love you, we love you, we love you.

[Matthew] That's not right, either. You have to say it first.

[Isabelle] My God, Matthew. You already said it first.

[Matthew] Why is that? Why am I always the first to say it?

[Isabelle] Oh, poor Matthew. Oh! We do love you very much.

[Matthew] I don't want to be loved very much. I want to be loved.

[Isabelle] You know what someone once said? "There's no such thing as love. There are only proofs of love."

Concordo tanto com eles, mas tanto, que nunca mais esqueci esse trecho do filme. Dizer também te amo, definitivamente, não acrescenta nada, não diz nada. Parece que a pessoa fala somente para confortar a outra.

Não que a pessoa não ame... mas é que o também te amo parece tão comprado, mas tão comprado, que às vezes é melhor se não for dito, né? Sei lá. Fato é que um também te amo nunca teve, nem nunca terá o mesmo efeito de um te amo.

Também gosto quando o Matthew diz: Não quero ser muito amado, só quero ser amado. O amor não precisa ser muito, não precisa ser louco ou, como diria Chico Buarque de Hollanda, o amor não tem pressa: ele pode esperar. O amor tem paciência, se adapta, demora, dói. O amor aguenta.

Pra completar, Isabelle fecha com chave de ouro: Não há tal coisa como o amor. Há apenas provas de amor. Bingo! O amor não se explica. O amor não se fala. O amor não se exibe. O amor não se encontra... Ele simplesmente acontece.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Meu herói

Aí que outro dia, numa dessas tardes abafadas e cinzentas, resolvi ir ao cinema assistir Hachiko: A Dog's Story, traduzido para o português como Sempre ao seu lado. Agora me diz, pra quê, né.

O filme, baseado em uma história real, retrata a vida de Hachi, um cachorro da raça Akita, que é encontrado por um professor universitário (Richard Gere) em uma estação de trem. Eles desenvolvem uma grande amizade e rapidamente Hachi se torna a alegria do professor e da família. O cachorro, fiel e companheiro como todo Akita, chega ao ponto de esperar todos os dias seu dono chegar do trabalho na estação de trem da cidade.

Tudo segue muito bonito até o dia em que o professor morre ao sofrer um ataque cardíaco na universidade. E o cachorro fica lá esperando que o professor volte... Bom, acho que nem preciso dizer a tristeza que é o restante do filme. É uma aula sobre lealdade.

Pra piorar, é um Akita. E, pra quem não sabe, o único cachorro que tive na vida foi um Akita branco, de focinho rosa, que se chamava Tommy (já tinha falado dele aqui). Por isso, já conhecia a história de Hachi e seu monumento no Japão.

Tommy era meu amigo, meu companheiro e o mais bonito dos Akitas que já conheci. Era querido por toda a família e conhecido por todos os vizinhos. Era lindo. Foi com ele que conversei inúmeras vezes quando pequeno e foi a ele que dei prazer fazendo carícias na barriga e no pescoço. Foi ele que me salvou de um assalto.

Tinha 12 anos e estava sozinho em casa quando os assaltantes quebraram a porta. Ele latiu tanto, mas tanto, que me escondi a tempo e me salvei. Foi a mim também que ele procurou pela casa quando já não estava bem, e foi no meu colo que ele morreu quando já não aguentava mais.

Assim, o filme - que já é triste por si só, com todo meu histórico virou um dos dramas mais tristes que já vi e um dos filmes que mais me fez chorar na vida...

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Desilusões

Engraçado como tem dias que certas coisas não fazem qualquer sentido. Mesmo aquelas que sempre julguei como corretas e justas, a partir de algum raciocínio meu, entram na listinha das dúvidas e incertezas. There's a dream that i see, i pray it can be, por exemplo, que muitas vezes levei como lema, hoje não faz o menor sentido.

Talvez por eu ter dormido mal esta noite, talvez por estar um dia cinzento (daqueles que eu odeio) ou talvez por andar meio decepcionado comigo mesmo, ou com todos, sei lá. Não tô otimista. Tô tendo sérias dúvidas com relação a esse 'can be'.

Tenho me sentido diferente. Até podem argumentar: ora bolas, todos somos diferentes. E é verdade: somos diferentes no que se refere a aparência, gostos, qualidades, defeitos, traumas, experiências, etc. Somos sim.

Me refiro aos sentimentos, de uma forma geral. Não sei se me explico bem. Fato é que hoje olho pros lados e não vejo pessoas semelhantes a mim. Mas assim, nem um pouco. Não sei o por quê. Tô achando todos uns aliens.

Vejo um monte de gente valorizando coisas erradas, pessoas erradas e se deixando levar pela multidão, pela maioria, por aquilo que se tem como moda, ou politicamente correto. Vejo um monte de gente tentando parecer o que não é, vivendo uma vida falsa, de mentiras. Acho triste.

Sabe, sei lá. De repente estou errado. De repente sou igual a todos e não me enxergo, né. É possível que eu esteja fazendo tudo errado também, tentando ser justo, tentando ser íntegro, verdadeiro, o escambau. Talvez esteja perdendo tempo por aqui. Eu não pertenço a esse lugar. Talvez eu esteja perdendo tempo escrevendo essas coisas. Tá difícil de acreditar.

Tá difícil de acreditar. Só não quero perder de vez a esperança.