É com imenso orgulho que falo do meu avô. E vou te dizer que sempre foi assim, e que a cada dia meu orgulho fica maior. Tudo porque meu avô é um vencedor e eu sou um privilegiado por um dia ter conhecido uma pessoa de tamanha sabedoria e consciência.
Meu avô é de origem humilde. Mais ou menos do interior do interior do interior do interior do meu estado. De um lugar que ainda hoje é distrito de um municipício que não tem nem 3 mil habitantes. Pois então, foi de lá que ele saiu, como mais velho de 12 irmãos, para estudar como seminarista e, depois da desistência, como estudante do ensino normal - aquele que formava professores.
Meu avô seguiu a carreira de seu pai, que era o professor da comunidade. Que era, segundo relatam, o conselheiro de todos: aquele que era procurado pela comunidade para que desse sua opinião, que era a cabeça pensante e sensata no meio dos filhos dos colonos italianos que ainda mal sabiam falar o português, que viviam em mundo limitadíssimo, onde a polenta era o prato único e principal. O que só vem a provar de que não teve e que, provavelmente, nunca haverá profissão mais nobre do que a de professor, né.
Pois foi daí que ele saiu e cresceu na vida. Começou ministrando aulas de ensino fundamental na comunidade ao lado e depois se transferiu para o pólo da região aonde foi, mais tarde, delegado de ensino e posteriormente coordenador regional de ensino. Como se não bastasse, meu avô foi reitor por muitos anos de uma das (hoje) maiores universidades do interior do estado. É tido como um dos principais responsáveis pelo seu salto de ensino e qualidade. Ele venceu. Transmitindo o conhecimento, meu avô conheceu o mundo.
Morro de orgulho cada vez que penso de onde ele veio e aonde ele chegou. Penso na casa de madeira que está lá até hoje, nos doze irmãos, nas dificuldades da época, e também no que ele alcançou. Penso no infarto e no câncer que ele já superou mas que nem assim o desmotivou para continuar vivendo e trabalhando. Meu avô é exemplo de tudo, é professor da vida.
Além disso, ele não parou no tempo. Navega na internet, utiliza e-mail, adora tecnologia e, como se não bastasse, tem uma mente mais aberta do que muitos jovens que conheço. Meu avô deve ter puxado ao pai no quesito sensatez.
Pra completar, meu avô chegou aos oitenta anos não esquecendo, nem tão pouco negando, suas origens. E foi assim que ele comemorou seu aniversário, com a sua (enorme) família no lugar onde nasceu, cresceu e aonde viu os colonos irrigando o nosso fértil solo, segundo suas palavras, com suor e lágrimas. Meu avô me emociona. Ainda mais quando canta, cheio de emoção, relembrando seus antepassados, uma canção que, quem sabe, até hoje continua sem resposta:
"merica, merica, merica, cosa saràlo 'sta merica?"
segunda-feira, 26 de abril de 2010
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