sábado, 17 de abril de 2010

ai Clarice,

o que mais passava pela tua cabeça quando escreveste isso?

"Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. O 'amar os outros' é tão vasto que inclui até perdão para mim mesma, com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto. Tenho que me apressar, o tempo urge. Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida. Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca [...]"

Fazia tempo que não lia algo tão bonito. A destreza com que lidas com a sutileza e a imensidão do amar - tão necessário e tão impossível de viver sem - me faz ler e reler esse trecho para me convencer de que, definitivamente, não há nada mais que nos salve que não seja o amor.

Como se já não fosse muito, somaste ao amor o escrever e o criar os filhos - explodi. Talvez não exista nada mesmo que me entregue mais do que aquilo que escrevo, assim como meu amor aos outros e, imagino, aquele que um dia sentirei por um filho meu. Espero, de coração, que minha vida seja suficientemente longa para que eu chegue a essa plenitude: um grande amor e um filho talvez seja tudo (e somente) o que eu precise para escrever.

Um comentário:

Marcinha disse...

Clarice é minha alma irmã.