sábado, 26 de junho de 2010
Me falta o ar
Olha, uma certeza que tenho na vida é que, de fato, não existe tempo sexualmente mais estimulante do que este que une tempo chuvoso e temperatura amena. Os vidros ficam embaçados e esses pingos de chuva que insistem em não sair da janela se transformam em mais um motivo para não sairmos da cama, como se a umidade do ar fosse o tesão que nos grudasse ali e fizesse nossos corpos ainda mais quentes e desejosos.
Pra completar, esse silêncio de final de semana é perfeito pra colocarmos aquela música baixa e criarmos aquele clima em que o mundo se resume a dois, e onde o prazer é o objetivo único e mútuo, né.
Duas músicas - curiosamente as duas retratadas no feminino - de dois graaandes poetas (Chico e Gonzaguinha) falam dessas delícias da vida de uma maneira sensorial ímpar, e são verdadeiras imprudências se forem sussuradas ao pé do ouvido.
Em O meu amor, Chico descreve em detalhes, cantando assim: "o meu amor tem um jeito manso que é seu de me deixar maluca, quando me roça a nuca e quase me machuca com a barba mal feita, e de pousar as coxas entre as minhas coxas, quando ele se deita... aiii"
Já Gonzaguinha, em Explode Coração, vai ainda mais fundo (e a Bethânia, como sempre, interpreta de uma maneira absurrrrda):
"Chega de temer, chorar, sofrer, sorrir, se dar, e se perder, e se achar que tudo aquilo que é viver... Eu quero mais é me abrir e que essa vida entre assim, como se fosse o sol desvirginando a madrugada, quero sentir a dor dessa manhã... Nascendo, rompendo, rasgando e tomando meu corpo e então... Eu... chorando, sofrendo, gostando, adorando, GRITANDO - FEITO LOUCA, ALUCINADA E CRIANÇA - sentindo o meu amor se derramando... Não dá mais pra segurar: explode coração."
É ou não é de passar mal?
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