segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Relato de um atropelamento

(...)

E por aí? Como vão as coisas? Por aqui o que posso dizer é que tenho achado todos muito muito acelerados, querendo muito mais em um tempo cada vez menor. A sensação que dá é que todo mundo quer mil soluções, mil línguas, mil empregos, mil cursos, mil amores, mil paixões, mil transas, mil ódios, mil perguntas, mil doses e também mil respostas ao-mesmo-tempo-para-ontem. Como se a velocidade com que a pessoa alcança determinada coisa fosse determinante para dizer se ela é melhor do que alguém... A sensação que dá é que a grande massa está correndo como uma manada absolutamente desesperada indo para sabe-se-lá-onde atrás de sabe-se-lá-o-quê. E talvez seja bem isso mesmo o grande mistério da vida, vai saber.

A todos lugares que vou tenho uma grande vontade de subir em um banquinho e dizer: CALMA, gente. Até você, nesse exato momento, deve estar lendo esses meus vagos pensamentos com extrema rapidez já pensando no que pode, deve e vai fazer daqui a pouco, não é? Isso é contagioso. E foi assim que o estudar-comer-dormir-trabalhar-namorar-passear-viajar-festejar viraram ações conjuntas e simultâneas, onde cada um que entra nesse ritmo acaba não conseguindo mais discernir o que é o quê.

Enfim, o que posso dizer é que tenho a sensação de estar no absoluto contrafluxo, a margem da loucura mesmo. Porque não é possível que toda essa gente que anda feito louca por aí não se dê conta de que uma bela respirada bem funda (daquelas que enchem todas as esquinas do pulmão) talvez seja o suficiente para que se possa PENSAR e assim refletir melhor a respeito daquilo que se quer. E nesse momento você deve achar que estou bem fora da casinha mesmo (e olha que nem utilizei nenhuma dessas coisas ilícitas).

Por fim acabo me sentindo um completo louco por ainda acreditar que posso viver em uma cidade litorânea sem violência e sem engarrafamentos, com meus filhos por perto e um marzão na minha frente pra encher meus olhos enquanto divido o pão-diário com o meu amor. Ai de mim.

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