Pois é assim que eu moro.
Eles têm suas vidas. São absolutamente independentes. Seus armários são independentes, suas atividades são independentes, suas contas bancárias são independentes. Combinaram um dia, entretanto, de dormir sob um mesmo teto.
Já trabalharam, durante um tempo, num mesmo prédio. Ia cada um com seu carro. Claro, nada mais natural pra quem é independente. Gastos em dobro, poluição do ar em dobro.
É curioso. Chega o Natal, sempre aparecem dois presentes. Não só pra mim, irmãos também. Claro. Afinal, eles são independentes não é mesmo?
Não têm a mesma idade, não têm os mesmos gostos, não têm as mesmas amizades, não têm os mesmos sonhos de consumo, não freqüentam os mesmos lugares. Por mais que, às vezes, se encontram sem querer no supermercado. Tu vê.
Viagem? Ela dirige, claro. É mais macho que ele. Afinal, ela é engenheira, ele é arquiteto. Ela leva o próprio carro na oficina, ele mesmo acerta as contas com a empregada.
Sorte que o jornal se divide em cadernos. Enquanto ele lê uma parte, ela lê a outra.
Se é ruim? Claro que não. É independência.
É, reparei que tem dois coxão de dentro na geladeira de novo...
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
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