Ensaio sobre a cegueira foi o filme que assisti ontem. Triste quando jogam na nossa cara a verdade, mas é o que o filme faz. Mais do que isso, faz questão de mostrar o quanto o ser humano é baixo, o quanto pode se aproveitar dos outros, o quanto pode ser amoral na hora do desespero. Fato é que vivemos pra nos saciar. Como os ratos. Somos ratos.
Pior do que isso, é constatar que somos ratos domesticados, vacinados, treinados, doutrinados. Somos governados por santos cegos e por relógios que não param, nos cobrando competência, habilidade e atitude. O ser humano é nojento. E, pior do que ser, é disfarçar para parecer o que não é.
Já dizia o Chico lá, numa das suas: "rato de rua, irriquieta criatura / tribo em frenética proliferação / lúbrico, libidinoso transeunte / boca de estômago / atrás do seu quinhão...".
Disse tudo. Fazemos parte de um grupo de seres irriquietos, insatisfeitos e escorregadios que vive procurando satisfações sexuais, assim como sua parte da merenda, pra saciar o estômago vazio. O ser humano é vil.
Talvez eu tenha sido tomado pelo niilismo. Mas é isso: Preguiça de existir. Porque ser ativo nessa vida, cansa. E ser passivo, o tempo todo, ninguém agüenta.
Verdade é que assisti ao filme com fome. Talvez tenha realçado tudo. Estranhei não ver ninguém acabando com a sua própria vida naquela tela em frente aos meus olhos, uma vez que poderia ser uma saída prática pra um cego, preso, faminto e sem perspectiva nenhuma. De repente o que os mantinha vivos era a esperança. Talvez seja isso que me mova. Não sei. O negócio é desviar das ratoeiras que tem por aí.
:*
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
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2 comentários:
Ahhh, Saramago... Tu já leu algum livro dele? Eu já, mas o ensaio sobre a cegueira não (tem o ensaio sobre a lucidez também), mas pretendo comprar na feira do livro agora em novembro e DEVORAR TODAS AS PÁGINAS.
Pois agora tu entende por que eu sou tão pessimista quanto ao ser humano? E o pior é que acho que o homem não é baixo, nojento, etc e tals só na hora do desespero. O homem fode os outros por prazer. O tempo todo.
Odeio muito. E viva Saramago.
Quero ver de novo o filme...
Pois então, nunca li Saramago.
Mas lá, aos treze mais ou menos, eu li e/ou ouvi uma frase dele que dizia mais ou menos assim: "a pior forma de gostar é ter, e a melhor forma de ter é gostar".
Nunca esqueci *_*
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