A princípio, apenas uma concha gigante iluminada. Depois, as luzes se acendem e ela surge. Vem da escuridão. No palco, tudo azul. Golfinhos e cavalos marinhos compunham o ambiente. O som era do mar, igualzinho aos de concha. Envolta por uma rede de pesca, ela tava presa. Fôra capturada. Aos poucos, se livra da rede e se revela. Era intensamente vermelha, provocava. Estava cheia de panos, quase um monge. Era um ponto vermelho, era sangue quente no fundo do mar. Era Adriana Calcanhotto que tinha vindo nessa maré.
No primeiro contato, o óbvio. "É um prazer estar aqui". Porém, a confissão vem logo em seguida: "verdade que digo isso em todos os lugares...". Mas veio, também, a complementação: "mas só aqui que é verdade". Risos.
Talvez seja (com certeza é) clichê dizer, mas é verdade que Adriana é múltipla. Toca violão, violoncelo, cuíca – tudo em um pouco menos de duas horas. Adriana é muitas, mesmo sendo uma só.
O repertório? Aquático, como se poderia prever. Aquela coisa tranqüila como o Guaíba em dia de pouco vento. Por vezes, uma marola - provocada por um hit antigo ou atual, de novela. A água era um pouco fria, verdade, mas não impediu que sua beleza fosse contemplada. Fato é que, enquanto o mar vive em movimento – nem sempre contínuo - a montanha insiste em ficar lá, parada. Melhor ali, sempre.
de ontem:
dois
Se você quer amar
não basta um só amor
Não sei como explicar
um só sempre é demais...
Pra seres como nós
sujeitos a jogar
as fichas todas de uma vez...
sem temer naufragar
Não há lugar pra lamúrias
essas não caem bem
Não há lugar pra calúnias
Mas porque não
nos reinventar?
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
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