domingo, 30 de maio de 2010

Essas músicas

Sabe, hoje tava lendo, com a televisão naquele volume que mal se ouve (sintonizada na delícia que é o canal de música mulheres do samba), quando começou a tocar a versão que a Nana Caymmi fez pra Quantas Lágrimas, um dos meus sambas preferidos. Na mesma hora parei pra ouvir com a atenção que a música merece, e pra cantarolar junto, claro, bem baixinho. Porque esses versos melancólicos me invadem de uma forma que me deixa quase sem ar de tanta emoção. Afinal, é um desabafo que também é meu, principalmente quando ela canta assim:

"só melancolia os meus olhos trazem... ai quanta saudade a lembrança traz..."

Tenho dificuldade de cantar isso e não me emocionar. É um sentimento sem par, é um lamento de algo que não volta mais, um pesar eterno. Me acho em quase toda a música. A exceção talvez seja só o verso que canta "eu vivia cheio de esperança", pois, como talvez seja de sapiência de todos, ainda vivo cheio de esperança. Talvez por burrice, ou por ingenuidade, ainda acredito nas pessoas e nas relações. Ainda acho seja possível, ainda acho que posso chegar lá. Tomara que eu não esteja enganado.

sábado, 29 de maio de 2010

Da melancolia em mim

não, não pode mais meu coração
viver assim dilacerado
escravizado a uma ilusão que é só... desilusão...

ah, não seja a vida sempre assim
como um luar desesperado
a derramar melancolia em mim, poesia em mim...

vai triste canção
sai do meu peito e semeia emoção
que chora dentro do meu coração...



ai...

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Retrato falado

Aí que outro dia me peguei fazendo esses testeszinhos comportamentais. Não que estes sejam de grande confiabilidade, mas olha o que o meu deu:

Vítor: Você observa para entender. Você entende para se orientar e poder atuar.

Seu Maior Talento: Observador

Esta pessoa deste tipo de talento tem a capacidade de ir buscar no passado a compreensão para o que está se passando no presente. Desta forma, ela consegue ver a estrutura do presente e como ela foi se formando bem como as intenções iniciais. Apesar destas intenções estarem quase irreconhecíveis no presente, ela as identifica e isto lhe dá mais segurança de lidar com a situação podendo se sentir orientada para tomar decisões muito melhores. Esta pessoa se torna melhor parceiro porque entende as pessoas e mais sábio em relação ao futuro porque viu sua semente ser plantada. Ela precisa de tempo para se orientar e para fazer as perguntas certas que lhe darão esta visão linear da situação dentro do tempo e do espaço. Em compensação, quando constrói esta visão, pode ajudar muito mais os outros a entenderem onde estão e para onde querem ir. Da mesma maneira isto funciona com relação a administração, aconselhamento, negociações, consultoria e outros serviços voltados a pessoas ou bens.

Como se comunica

Você é o tipo de pessoa que raramente inicia um contato, esperando passivamente que os outros se aproximem. Enquanto não se sentir plenamente à vontade em uma interação social, é muito provável que adote um estilo sucinto, limitando-se a dar respostas objetivas e específicas, sem ampliar ou desenvolver a comunicação. Essa tendência é mais forte quando o ambiente é formal, acentuando seu estilo naturalmente reservado. Isso não significa que não valorize os relacionamentos, mas precisa estar muito seguro e ter apoio das pessoas para desenvolver laços mais fortes e interagir com mais fluência.

Sei lá, até que achei razoável a resposta, mas ao mesmo tempo senti como se esmagasse na minha cara o meu jeito. Jeito esse que apareceu depois de responder 24 simples questões, escolhendo em cada uma delas o adjetivo que eu achava que mais de adequava a mim. Tinha até um reloginho que controlava o tempo em que eu respondia. Estranho né, como se o nosso jeito fosse de múltipla escolha.

No final das contas fiquei achando que quem deveria responder esse teste é quem me conhece de verdade, pois aí a resposta não seria o que acho que sou, e sim o que pareço ser. Parece mais sensato.

No final do final das contas minha conclusão é óbvia: ainda tô pra conhecer um teste que diga tudo e exatamente o que a gente é.



Não sei porque ainda respondo a estas coisas...

domingo, 23 de maio de 2010

me explico

Sabe aquele frio que tu sente e que tu sabe que não vai passar se tu colocar uma blusa?

então...











é esse que eu sinto.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

olhos meus

Dentro dessas coisas que caem no nosso colo quando a gente menos espera, o que veio essa semana pra mim foi uma música de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira que ficou linda de morrer na divina-e-maravilhosa voz da Gal Costa. Por mais que a linguagem seja coloquial do interior nordestino, algo tããão distante da minha realidade, fazia algum tempo que uma música não me tocava tanto. A música se chama Assum Preto, dá uma olhada:



olha o que é a letra:

Tudo em vorta é só beleza,
sol de Abril e a mata em frô,
mas Assum Preto, cego dos óio,
num vendo a luz, ai, canta de dor...

Tarvez por ignorança,
ou mardade das pió,
furaro os óio do Assum Preto
pra ele assim, ai, cantá de mió...

Assum Preto veve sorto,
mas num pode avuá...
Mil vez a sina de uma gaiola
desde que o céu, ai, pudesse oiá...

Assum Preto, o meu cantar
é tão triste como o teu,
também roubaro o meu amor
que era a luz, ai, dos óios meus,
também roubaro o meu amor
que era a luz, ai, dos óios meus...


Me diz, tem história mais triste do a de um pássaro que não pode voar porque teve seus olhos furados por alguém que um dia julgou que ele deveria cantar melhor?

De certo é por isso que não entendo essa gente que se esforça para furar a alegria dos outros, com o chamado espírito de porco, e acabar com o que de mais singelo pode haver: a luz dos nossos olhos.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

a arte do (des)encontro

Interessante como a vida dá um jeito de nos colocar de frente a determinadas provações. O sentimento que fica é que, de alguma forma, vivemos para sentir aquilo, como se tivéssemos chegado até ali porque precisávamos chegar, porque essa era a nossa rota, o nosso caminho ou, como dizem alguns, destino. Querendo ou não, são nessas circunstâncias que ficamos mais fortes e aprendemos a ser mais felizes com muito menos do que alguns imaginam como mínimo.

Se vivi para te conhecer, devo agradecer à vida, aos meus pais, às circunstâncias e a todos aqueles que passaram pelo meu caminho de alguma maneira. Eles me fizeram ser o que sou, foram eles que te fizeram interessante para mim, foram eles que me fizeram interessante para ti. Sim, talvez esteja, erroneamente, atribuindo tudo ao acaso. Tenho responsabilidade também. Sou ser humano, ser pensante, racional, emocional. Sinto tudo, reparo no brilho do olhar, nas marcas do corpo, no jeito... Ando só.

Às vezes dá vontade de permanecer grudado num só bloco eternamente para que nossos corpos transmitam e recebam, por osmose, tudo aquilo que vivemos e que sentimos. Nossos corpos se expressam melhor do que nossas palavras. Além disso, unidos somos mais fortes e mais completos. Se virmos absolutamente tudo como oportunidades, então, veremos que nem todas valem o esforço, pois são realmente pouquíssimas que conseguem nos tocar e nos mover na direção daquilo que vemos como plenitude. Como diria Vinícius, a vida é pra valer e (não se engane não) tem uma só. Talvez estejamos perdendo a oportunidade de nossas vidas, ai de nós.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Drops de anis

então, voltei.

Não que tenha sumido de verdade, mas é que nesses últimos dias escrevi um monte de coisas que não postei (o que é raríssimo). Não me perguntem por que, talve seja só esse que vos escreve que ande um pouco mais crítico com aquilo sai desses dedos. Sei lá.

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Uma das coisas era o poema do Fabrício Corsaletti que ouvi na rádio esses dias (e que ouvi hoje de novo!) que me pegou desprevenido e ficou na minha cabeça. Talvez porque não seja comum ouvir poemas em rádios, ou talvez por trechos como "não entendo porque Chico Buarque não escreveu uma música para o seu nome" que entregam tanto, mas tanto, que nem preciso dizer mais. É um amor louco que está em 60 versos simplistas até, mas que são suficientes para hipnotizar os ouvidos. Merece os três minutos e pouco da atenção de qualquer um.

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Outra coisa era sobre a capa da Veja desta semana, revista esta tratada por muitos como revistinha direitista neoliberal e que, por isso, é constantemente hostilizada com todos aqueles argumentos políticos. Pois bem, esta mesma revistinha-conservadora-que-só-sabe-atacar-o-nosso-presidente publicou na última edição uma matéria gigantesca, que ganhou a capa inclusive, com o tema geração tolerância - o começo do fim do preconceito. Achei louvável. Me deu um sentimento de estar vendo uma transformação, como se estivesse vendo a sociedade, ao menos em alguma coisa, evoluir. Orgulho.

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No mais o que dá pra dizer é que tenho tido mais certezas do que dúvidas. E isso é ótimo, não? dá uma autoconfiança maior para enfrentar o que vem pela frente.

Vamos ver até quando dura.

terça-feira, 4 de maio de 2010

sou um só

Confesso que o bilhete de cinema do Unibanco Arteplex conseguiu roubar minha atenção dia desses. Simplesmente porque nele está escrito, logo abaixo do horário da sessão e do valor do ingresso, assim: Volte sempre! Foi um prazer recebê-los.

Claro que é um prazer para qualquer tipo de estabelecimento receber algum cliente e ganhar dinheiro mas juro que, por algum tempo, fiquei pensando no porque daquele "recebê-lo" estar no plural. Não faz nenhum sentido.

Cogitei que pudesse ter sido impresso assim pois havia comprado dois ingressos juntos, mas não, estava enganado. Conferi depois, em casa, na minha coleçãozinha de entradas de cinema (única que mantenho ativa) e em todos, veja bem, em todos os ingressos desta rede está escrito da mesma forma, inclusive no ingresso daqueles filmes que assisti sozinho. Há anos está escrito aquilo ali, no mesmo lugar e do mesmo jeito.

Claro, vão me dizer que é assim mesmo, que as pessoas geralmente vão ao cinema acompanhadas - onde o recebê-los faz todo sentido - mas esse argumento a mim não convence. Pensa comigo, o ingresso é único e é válido para somente uma pessoa, por que diabos agradecer no plural!?

Nesse momento, tenho certeza, vão me dizer que estou fazendo tempestade em copo d'água. Afinal, pode ter sido apenas um erro de digitação que nunca ninguém se deu conta e é besteira pensar nisso. Até tento, mas sei lá... fiquei pensativo. Me imaginei sendo vários.

domingo, 2 de maio de 2010

minhas oferendas

De repente hoje me encontrei cantando marinheiro só:

Eu não sou daqui, marinheiro só
Eu não tenho amor, marinheiro só
Eu sou da bahia, marinheiro só
De São Salvador


mesmo não sendo da Bahia, mesmo não tendo morrido de amores pela capital dos baianos, mesmo não sendo filho de nenhum orixá, hoje sinto que deveria entregar minhas oferendas à São Salvador, à Iemanjá, à todos os santos e à todos os orixás do meu brasil brasileiro, meu mulato inzoneiro. Sinto que deveria demonstrar toda minha gratidão por tudo que essa vida me deu e que, olhando, me faz reconhecer de que sou um guri de muita sorte, em diversos aspectos.

Sou marinheiro só, navego por aí sozinho, sinto o balanço do mar e volta e meia acontecem uns tombos do navio também, mas sigo em busca daquilo que sonho. Sou marinheiro só, mas meu porto é fixo. Aqui é minha terra e meu mar, e é aqui que vocês me encontram, completo e incompleto, certo e errado, perfeito e imperfeito, todo de branco, com meu bonézinho.