quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Top five

Tô pra achar época mais deprimente do que essa de fim de temporada. É a despedida do verão, do tempo de sol, da praia. Despedida do tempo livre, do ócio, do dolce far niente. Despedida da liberdade e o início das obrigações. O horário de verão já acabou, a cidade volta a ficar cheia e as pessoas voltam ao ritmo frenético e à rotina.

Mas o mais deprimente mesmo são esses concursos que fazem de garota da estação. Me diz, pra quê? O verão agora já era (porque verão em março só existe pra pessoal da terceira idade, né). Quando começa aquela propaganda surrada com a mesma musiquinha de 15 anos atrás é o primeiro sinal de que o verão tá acabando. É deprimente pra chuchu.

Garotas com o corpo ainda em formação, desfilando em uma praia horrível, sem um pingo de sol e ainda tendo de segurar os cabelos por causa do vendaval que sempre tem. Pra completar o quadro, as coitadas ainda tem de mostrar desenvoltura e simpatia, dando uma voltinha no final da passarela, como se tivessem fazendo a coisa mais natural do mundo. Chego a ter pena.

E ainda tem o figurino. Não sei quem é a pessoa que inventa aquelas roupas, mas imagino que seja alguém de outro mundo. Me lembro duma vez em que as garotas pareciam astronautas em trajes de banho (!!!). E o pior, elas se sujeitam. Com esperanças de serem lembradas como a garota do verão 2009, que ganhou um Uno Mille pelado na final do concurso.

E ainda tem a escolha da torcida. Nossa, me diz: tem coisa pior? Invariavelmente tem aquele monte de colono com faixas e trombones, como se aquilo fosse um páreo, onde as garotas precisassem ser estimuladas. Arroio do meio, Tupanciretã e Arvorezinha tão sempre lá. Com a farofa na boca. Sendo que a candidata escolhida pela torcida, sempre é aquela da cidade mais populosa. Óbvio.

E ainda tem os apresentadores (isso que nem vou falar dos jurados, que tem sempre algum dono de loja de quinta). Os apresentadores são obrigados a forçar uma barra monstra. Têm que mostrar uma empolgação que não existe, como se aquilo fosse o concurso mais importante da paróquia. Vamos combinar: apresentar concurso de beleza não é prêmio, é castigo.

Tá, parei. Também não vou condenar totalmente. Deve dá um trabalho absurdo organizar esse treco. E tem mais, como diria o sábio lá: "as feias que me desculpem, mas beleza é fundamental". É mesmo.

Nenhum comentário: