"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavandeiras lá do Alagoas fazem seu
ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da
lagoa ou no riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam
o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma
molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa,
e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota.
Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada no corda
ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa.
A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi
feita para dizer." (Graciliano Ramos em Vidas Secas)
Lindo, não?
Que a gente nunca se esqueça o quanto uma palavra bem dita pode mudar tudo...
sexta-feira, 11 de maio de 2012
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