terça-feira, 26 de abril de 2011

nem desistir, nem tentar: agora tanto faz

hoje, enquanto ouvia a música no rádio, lembrei do poema que dizia:

Caminhante, passou por mim em passos lentos
Com uma blusa que jamais o vi usar e um cavanhaque
Ele que que tinha o rosto imberbe e cujas blusas eu lavava todas
Cruzou por mim na calçada e me olhou com olhos novos
Da mesma cor de antes mas eram olhos outros
que viram virgindaddes durante o nosso tempo apartado
Era ele mas era outro, e eu era eu mesma, e outra
E a distância entre nós era bem mais longa que aqueles passos curtos
E o tempo entre nós era infinito no nosso desconhecimento mútuo
Ele que tanto amei e ele a mim, que trocamos beijos mais que íntimos
Suas cicatrizes pelo corpo que lambi, e ele aos meus seios
Ele que não me foi secreto por anos e eu por ele igualmente traduzida
Caminhante, hoje passou por mim como se não houvesse passado
Ele, em passos lentos, fez um sinal educado com a cabeça
Eu, com meio-sorriso, fiz que não tinha importância


[Martha Medeiros]

achei bonito...

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