segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Pensei, pensei, pensei

e cheguei a conclusão de que sou masoquista mesmo. Demais.

É a única explicação.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Sem ressentimentos

Pensando em tudo o que aconteceu nesses últimos dias, meses e anos foi que me descobri sem ressentimentos. Me descobri sem aquela vontade de chorar ininterruptamente, sem aquela vontade de sumir do mapa, sem nem aquela vontade de matar, sem nem a necessidade de fazer justiça e provar a alguém que sou ainda melhor do que aquela pessoa um dia supôs que eu fosse. Não sei exatamente o por quê.

Vejo muitas pessoas que sofrem muito, que ficam pro resto da vida remoendo frases que ouviram, discussões que tiveram, verdades que foram ditas, rememorando os traumas como se aquilo fosse a energia que precissassem para seguir em frente. Claro que tem o seu lado positivo, funciona como se fosse um trampolim mas... Será bom isso?

Acredito que devemos seguir em busca de nossa felicidade, de pessoas que nos façam bem, pra passarmos por dias ainda mais felizes. Talvez seja por isso que tenha dificuldades de entender como, para alguns, isto passe pela necessidade de provar algo a alguém. É bobagem. No fim das contas, a maior batalha é mesmo nós contra nós mesmos. Nós contra nossas dores, nossos problemas, nossos traumas, nossas dificuldades e nossas ansiedades.

Talvez tudo isso entre novamente naquela categoria dos meus conformismos, sei lá. Se me fez mal? Ok, me fez mal. Não sinto a necessidade de revidar. Talvez seja bobagem minha, mas acredito que a própria vida se encarregue disto, sempre. O que passamos, o que ouvimos e o que sentimos com certeza ficará para sempre em nossa memória. O jeito é saber lidar com isso, dar tempo ao tempo e bola pra frente. Com a segurança de que o passado vai ficar lá, estático, enquanto caminhamos em busca de dias melhores :)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Passou

Sinceramente?

Como diz a música lá:

"Que passe por mim a doença...
Que passe por mim a pobreza...
Que passe por mim a maldade, a mentira e a falta de crença!

Que passe por mim olho grande...
Que passe por mim a má sorte...
Que passe por mim a inveja, a discórdia e a ignorância!

Tranquila, levo a vida tranquila...

Que me passe!
A doença que me passe!
A pobreza que me passe!
A maldade que me passe!
Olho grande que me passe!
A má sorte que me passe!
A inveja que me passe!
A tristeza da guerra...
Tranquila, levo a vida tranquila..."


Um mantra, praticamente. Não vou me preocupar.

Meu Deus

Onde é que fui me meter?

Nesse momento tô morrendo de medo, completamente apavorado, ao ponto de duvidar que eu consiga dormir algum segundo nas próximas horas.

Chego a tá sem ar.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Roda gigante

A sensação é a de que voltei ao mesmo lugar. Mais uma vez. Como se tivesse viajado por bandas diferentes, conhecido outras pessoas, sentido novos sentimentos, me conhecido um pouquinho mais e voltado pra casa. Pra rotina de sempre, pros mesmos sentimentos de sempre, pros mesmos objetos de sempre.

Até as coisas por aqui continuam todas nos mesmos lugares. Tudo mudou muito pouco. Claro, tem um livro a mais na cabeceira, uma camiseta a mais no armário... mas, na essência, tá tudo igual. Chega a ser incrível constatar isso, mas fato é que me transformo muito lentamente, e as coisas a minha volta também. Por culpa minha, claro.

Já o tempo, por sua vez, passa voando, acelerado. Medonho que é, nos deixa com a impressão de que existem milhões de coisas acontecendo, como se estivesse absolutamente tudo tomando novos rumos. Que bobagem. Pouca coisa muda. Ninguém muda assim tão radicalmente, nada muda assim com tanta velocidade.

Continuamos com os mesmos assuntos, anseios e devaneios. As pessoas são as mesmas, os problemas são os mesmos, as aflições são as mesmas. Chega a ser monótono, tedioso, um saco. Posso parecer resignado, mas acredito que a melhor alternativa seja mesmo não pensar, pra que tudo aquilo que nos cerca não nos leve a uma grande frustração, e viver, com esperanças de que no futuro, com a experiência, sejamos pessoas ainda melhores.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Aí é que te pergunto

mais vale um peixinho no teu aquário ou um peixe no lago, no meio de todos os outros?



E se o peixe insistir em fugir?

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Então...

eu queria palavras. Mas elas continuam sumindo, fugindo, sei lá pra onde, sei lá por que. Como se já não fosse muito, volta e meia ainda me falta o ar, e meu coração dispara, alucinado. Mas acho que é normal. Ainda não é a morte, não pode ser. É cedo.

Já a descontinuidade dos sentimentos, das pessoas, e a minha também, me fazem parar e pensar (e repensar), em tudo, claro. Tudo é tão contraditório, todos somos tão confusos...

A conclusão, obviamente, é nenhuma. O negócio é viver mesmo, aproveitando cada segundo bom, né. Vamos?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Tão eu

Aí que ontem cheguei a conclusão de que, realmente, pouquíssimas pessoas me conhecem mais do que a Ingrid. Tudo porque ela me mandou um poema lindo lindo que vou colar aí embaixo. 47, número primo. Adorei.

de Gonçalo M. Tavares:

47.

Às vezes escondo-me no corpo e ninguém vê.
As pessoas falam comigo e não notam que eu não falo com elas.
Posso até dizer algumas palavras,
Posso até exprimir-me num longo discurso,
Mas a verdade é que não falo com elas.
Estou escondido algures no meio do meu corpo.
Enfio-me todo no esôfago ou no centro da artéria aorta ou na veia jugular,
e, por vezes, quando estou mais tímido, chego mesmo a
esconder-me nos músculos da planta do pé.
Apesar de não saber os nomes destes músculos, escondo-me lá
muitas vezes.
Aliás, é melhor fugirmos para lugares de que desconhecemos,
o nome: ficamos ainda mais escondidos.
É a minha opinião.

A minha personalidade a refugiar-se inteira no dedo mínimo
do pé esquerdo, vejam bem.
Por vezes acontece-me.
O meu Eu alojado no dedo mínimo do pé esquerdo.
Os mais importantes pensamentos concentrados no dedo
mínimo do pé esquerdo.
As minhas sensações mais íntimas escondidas no dedo
mínimo do pé esquerdo.

Quando me pisam é que é uma desgraça.
Só se tiver a sorte de me pisarem o outro pé.
Quando me pisam o pé mais importante começo a gritar; e
começar a gritar é o começo do fim.
Quando gritamos não nos podemos esconder.
O corpo vem todo à pele ver o que se passa.

A pele é como uma janela.
Quando gritamos de dor, todas as células do corpo vêm à
janela, ou seja, à pele, para assistir à procissão.

Mas há muitas células do meu corpo que não concordam
totalmente com as minhas idéias.
Obedecem-me porque não têm alternativa, mas pelas costas
gozam-me e por vezes insultam-me.
Prefiro mesmo os insultos.
Os insultos são pequenas pancadas vindas do fundo
dos órgãos.
É mais ou menos suportável.
O terrível é quando se põem a rir de mim.
Eu digo:
- Sou um grande acrobata.
e sinto logo algumas células a rirem-se.
As costelas abanam todas.
Os dentes é como se tivessem muito frio.
Os dedos dos pés encolhem-se.
É como se soprasse uma rajada de vento no meio do corpo.
Ainda por cima riem-se de quem as alimenta.
Se isto não é ingratidão, não sei o que é ingratidão.

Células más, um dia ainda vos mato.

O problema é que elas me têm por refém.
É impossível matar as próprias células do corpo sem morrer.

Parecendo que não, esta vida é muito complicada.